Há um preço inevitável para quem escolhe despertar: o da incompreensão. Crescer, no sentido mais profundo e filosófico, é romper com a inércia das massas. É aceitar o fardo da liberdade e da responsabilidade pelo próprio pensamento.
Andar com aqueles que nos desafiam a crescer é, muitas vezes, caminhar à beira do abismo. São eles que nos obrigam a revisitar tudo o que tomamos como certo, a desmontar verdades herdadas e a encarar a vertigem de um mundo sem garantias absolutas. Eles não nos oferecem conforto. Oferecem conflito. Nos arrastam para o campo onde o eu precisa se reconstruir – fragmento por fragmento.
A ignorância coletiva, por sua vez, é um pacto silencioso de fuga. Uma suspensão consentida da angústia de existir. Ali, reina o riso fácil, a opinião não pensada, o senso comum embalado e pronto para consumo. É uma anestesia social. Um lugar onde ninguém é realmente responsável, porque todos preferem a segurança da obediência cega.
Tornar-se cúmplice disso é um ato de má-fé existencial. É trair o potencial de lucidez que habita em cada um de nós. É escolher o sono moral. A covardia intelectual.
Quem busca a autenticidade precisa aceitar o desconforto da dúvida, o peso de escolhas solitárias e a dor de ser, por vezes, estranho aos olhos alheios. Não há crescimento sem confronto. Não há lucidez sem ruptura.
Afinal, como já disse Nietzsche, “é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante”.
Que cada passo, então, seja uma recusa consciente à cumplicidade com a ignorância. Que a vida seja sempre um exercício radical de liberdade.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense
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