terça-feira, 10 de maio de 2022

Sexta-feira na Praça Barão (Parte I)

    O por do sol era simplesmente indescritível. Uma beleza que parecia ter sido pintado pelas mãos do Criador. 
 
    O dia típico de uma tarde de verão, céu azul sem nuvens e um entardecer de encher os olhos. Sexta-feira! As pessoas começavam a chegar para tomar a sua cervejinha ou o seu chopp no Casarão, no Dito Bendito. Enquanto os garçons e funcionários arrumavam as mesas, algumas crianças brincavam na Praça. No mural do cais pessoas paravam para tirar algumas fotos do por do sol. Que beleza! A princesinha em seu maior encanto. 
 
    Aos poucos as cores foram ficando mais vermelhas e, misturadas ao azul do céu e o verde das matas, dava uma coloração única. Inspiração para os poetas, imaginação para os artistas e paixão para os apaixonados. O que poderia causar mais contentamento à população cacerense? A tarde chegava de mansinho. As luzes foram acesas. Os carros transitavam na típica sexta-feira. Agora já havia muita gente na Praça. O calçadão estava praticamente lotado. Nas TVs passava um jogo da Série B. No Bodega, uma banda afinava os instrumentos. A noite prometia. Tudo normal na Princesinha do Rio Paraguai. Será mesmo? 
 
    O garoto largou a mão da mãe e correu para a escadaria do cais. 
 
    - Volte aqui, menino - Disse a mãe tentando segurar o menino. 
 
    - O que é aquilo? - O menino indagou à mãe e apontou para os primeiros degraus da escadaria do cais. 
 
    A mulher olhou atentamente. 
 
    - Parece formigas. 
 
    Aos poucos outras pessoas também viram. Formigas! Muitas formigas! Algumas pessoas correram para a Praça. Outras correram em direção ao cais para ver o que estava acontecendo. Uma correria começou. Uma gritaria também. Formigas já tomavam toda a orla. Eram enormes. Pretas e vermelhas. E eram milhares. Gritaria! As pessoas gritavam e corriam. 
 
    - Chamem os Bombeiros! - Gritava alguém. 
 
    - Tem que ser a Polícia Ambiental, a Sema - Dizia outro. 
 
    Então houve um grito horripilante. Uma garota havia sido picada por uma das formigas. Ela se contorceu. Sentia muitas dores. Começou a inchar a sua perna e a menina não conseguiu mais andar. Foi tomada pelas formigas. As outras pessoas correram em desespero. Outro garoto, perto do Hispano, também foi picado e logo caiu pelo chão sendo, em segundos, tomado pelas formigas. Desespero total. Outra garota perto da Marinha, um homem perto do cais e as formigas se multiplicavam e tomava toda a Praça. 
 
    As pessoas fugiram. Correria para todos os lados. Mesas derrubadas pelo calçadão. Bares invadidos pelas formigas. Em fração de minutos e tudo estava destruído nas proximidades da Praça Barão. Árvores sem suas folhas, pessoas que foram picadas e cobertas de formigas logo viraram pó. 
 
    Os Bombeiros chegaram e se preparavam para abrir os seus extintores. As formigas voltaram para o único lugar onde apareceram. Em fração de minutos não haviam mais nenhuma formiga. Apenas os seus rastros e a mortandade deixada por elas. 
 
    - Deve ter morrido umas dez pessoas - Disse alguém. 
 
    - Meu Deus! - Exclamou um senhora - O que foi isso? 
 
    - Formigas! - Foi a única resposta naquele momento. 
 
    A lua no céu parecia sorrir com tudo aquilo, mas era apenas impressão das poucas pessoas que conseguiram olhar para cima naquela sexta-feira na Praça Barão. Encostado no Marco do Jauru um homem observava. E, se ninguém notou a sua presença durante a correria, ele sorria. Um sorriso malicioso. 
 
Continua... 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 9 de maio de 2022

O Pipoqueiro da Unemat

 
    Todas as noites, religiosamente, quando havia aulas na Unemat, o senhorzinho estava lá com seu carrinho de pipoca. De longe já sentíamos o cheiro da pipoca sendo estourada. Tinha de sal e tinha de doce. 
    Naqueles tempos ninguém notava, mas o senhorzinho com seu carrinho de pipoca era parte integrante do Campus Jane Vanini. Então veio a pandemia. Dois anos sem aulas presenciais até a volta. Tudo novo, às máscaras ainda a fazerem parte do cotidiano. O Campus em reforma. No pátio se vê vários vendedores de salgados. Mas, o que não se vê mais é o senhorzinho com seu carrinho de pipoca. 
    Sentado próximo ao local onde ele, costumeiramente, encostava o seu carrinho, ouço comentários sobre ele. Alguém dissera que ele morrera. 
    - Covid? 
    - Não sei. 
    Silêncio. 
    - É, meu amigo. Sinto falta daquelas pipocas tão saborosas com bacon que ele fazia. 
    - Sinto falta é da sua alegria contagiante. Ele sempre tinha boas histórias para contar. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Procura

A sua procura tem que ir em busca da procura de Deus e a procura de Deus tem que vir em busca da sua procura! 
 
Pensamento: Odair José, Poeta Cacerense