segunda-feira, 9 de maio de 2022

O Pipoqueiro da Unemat

 
    Todas as noites, religiosamente, quando havia aulas na Unemat, o senhorzinho estava lá com seu carrinho de pipoca. De longe já sentíamos o cheiro da pipoca sendo estourada. Tinha de sal e tinha de doce. 
    Naqueles tempos ninguém notava, mas o senhorzinho com seu carrinho de pipoca era parte integrante do Campus Jane Vanini. Então veio a pandemia. Dois anos sem aulas presenciais até a volta. Tudo novo, às máscaras ainda a fazerem parte do cotidiano. O Campus em reforma. No pátio se vê vários vendedores de salgados. Mas, o que não se vê mais é o senhorzinho com seu carrinho de pipoca. 
    Sentado próximo ao local onde ele, costumeiramente, encostava o seu carrinho, ouço comentários sobre ele. Alguém dissera que ele morrera. 
    - Covid? 
    - Não sei. 
    Silêncio. 
    - É, meu amigo. Sinto falta daquelas pipocas tão saborosas com bacon que ele fazia. 
    - Sinto falta é da sua alegria contagiante. Ele sempre tinha boas histórias para contar. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

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