sábado, 29 de julho de 2023

A Caverna do Jabuti e os jovens que viajaram no tempo

    Argumenta-se que era uma manhã ensolarada em Cáceres quando, um grupo de jovens estudantes de uma Escola particular, estava animado com a próxima aula campo que os levaria à Caverna do Jabuti, uma formação rochosa misteriosa em Curvelândia, a poucos quilômetros de distância. Liderados pela professora de História, a empolgante Srta. Manu, os estudantes embarcaram em uma emocionante jornada de aprendizado. 

    Chegando à Caverna do Jabuti, o grupo adentrou a escuridão das profundezas da terra com lanternas em mãos. As estalactites e estalagmites criavam formas estranhas ao redor deles, dando à caverna uma atmosfera quase mágica. A Srta. Manu compartilhou histórias sobre lendas locais, como a do Jabuti, uma criatura lendária que, de acordo com a tradição, concedia desejos aos corajosos o suficiente para entrar em sua caverna. 

    Encorajados pela professora, os jovens se aventuraram cada vez mais fundo na caverna, até que, de repente, um estranho brilho os envolveu. Tudo começou a tremer e girar, e quando a sensação passou, eles perceberam que alguma coisa estava errada. Ao saírem da caverna, ficaram atordoados ao descobrir que não estavam mais em 2023. 

    Em vez disso, o grupo se encontrou em uma paisagem completamente diferente, em uma época distante. Eles olharam ao redor, confusos, e viram vastas planícies verdes com tribos indígenas acampadas e animais exóticos pastando. Logo, compreenderam que haviam sido levados de volta no tempo, para uma era pré-colonial do Brasil. 

    Enquanto tentavam entender o que aconteceu, os jovens notaram que não eram os únicos viajantes do tempo. Eles encontraram um explorador inglês, o Sr. Anderson Lewis, que também foi transportado para esse período histórico. Sr. Anderson Lewis explicou que estava realizando pesquisas em cavernas na Ásia quando a viagem no tempo ocorreu. 

    Decididos a sobreviver naquele novo mundo, o grupo se uniu e compartilhou seus conhecimentos sobre sobrevivência e a história da região. Os jovens aplicaram habilidades de acampamento e conhecimentos de primeiros socorros, enquanto a Srta. Manu compartilhou seus conhecimentos sobre plantas comestíveis e técnicas de caça e pesca da época. 

    Com o tempo, eles estabeleceram uma amizade com as tribos indígenas locais, que os acolheram e ensinaram sobre suas tradições e culturas. Aprendendo com os nativos, o grupo foi capaz de se integrar melhor ao ambiente e superar os desafios da sobrevivência naquela época. Enquanto exploravam a área, os jovens também descobriram alguns artefatos da civilização pré-colonial que poderiam ajudá-los a entender melhor a história do local. Cada dia era uma nova aventura, com mistérios a serem desvendados e lições a serem aprendidas. 

    Conforme o tempo passava, o grupo começou a se preocupar em como poderiam retornar ao seu próprio tempo. Eles consultaram os anciãos da tribo e, juntos, realizaram rituais que, segundo a tradição, poderiam ajudá-los a abrir uma passagem temporal de volta à Caverna do Jabuti, o ponto de partida de sua jornada no tempo. 

    Depois de semanas de preparação e esperança, o dia finalmente chegou. Com corações cheios de gratidão e saudade, os jovens se despediram de seus novos amigos indígenas e realizaram o ritual, seguindo as orientações transmitidas pelos anciãos. Enquanto se alinhavam ao redor do brilho misterioso, sentiram o chão tremer novamente, e a escuridão os envolveu mais uma vez. 

    Quando acordaram, estavam novamente dentro da Caverna do Jabuti, como se nunca tivessem saído. Aliviados e emocionados, o grupo comemorou seu retorno. Eles sabiam que aquela experiência ficaria marcada em suas vidas para sempre. Apesar de ninguém acreditar na história da viagem no tempo, eles sabiam o que tinham passado e as aventuras que viveram. Também não viram mais o Sr. Anderson Lewis e nem que fim ele tomou.

    A viagem no tempo na Caverna do Jabuti os ensinou sobre coragem, amizade, respeito às diferentes culturas e a importância de compreender a história. Enquanto retornavam para Cáceres, eles levaram consigo memórias inesquecíveis e uma nova apreciação pelas aventuras e mistérios que o mundo pode nos oferecer. Afinal, o tempo é um tesouro precioso, e a história, uma professora valiosa para todos que se permitem explorá-la. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

O Misterioso Homem das Sombras

    Corria o ano de 1925 na pequena cidade de Cáceres, situada no coração do Brasil. Nesta época, a família Alencar, uma das mais tradicionais da região, vivia em uma imponente mansão que há gerações abrigava segredos e tradições da família. Ana Maria Alencar, a jovem protagonista da história, era uma garota encantadora, de cabelos negros e olhos vivazes, que possuía uma personalidade forte e curiosa. 

    No entanto, a vida de Ana Maria tomou um rumo inesperado quando ela começou a sentir uma presença estranha ao seu redor. Sutilmente, ela percebia olhares desconhecidos e passos furtivos que a seguiam pelas ruas estreitas de Cáceres. Inicialmente, acreditou que fosse apenas paranoia ou fruto de sua imaginação. Contudo, os dias passaram e a sensação persistia, tornando-se cada vez mais ameaçadora. 

    Ao compartilhar suas preocupações com a família, Ana Maria foi recebida com descrença. Seu pai, Antônio Alencar, um respeitado comerciante da cidade, não via motivos para alarme. Afinal, a família Alencar era conhecida por suas tradições e intocável reputação. Sua mãe, Maria Isabel, uma mulher extremamente religiosa, aconselhou a filha a buscar conforto na oração e considerou que tais sentimentos de perseguição eram provavelmente provas divinas a serem superadas. 

    Sentindo-se sozinha em sua luta para provar que estava sendo perseguida, Ana Maria decidiu buscar ajuda com outras pessoas de sua confiança. Seu melhor amigo, Pedro, sempre estivera ao seu lado desde a infância. Embora preocupado, ele tentou acalmá-la, mas também não viu nada de suspeito ao redor da amiga. 

    Um dia, enquanto caminhava pela praça central da cidade, Ana Maria notou um homem estranho observando-a à distância. Vestido com um casaco de abas largas e um chapéu sombrio, ele se esgueirava entre as pessoas, mas desaparecia antes que alguém pudesse se aproximar. Desesperada, Ana Maria procurou ajuda da polícia local, mas os agentes não encontraram vestígios do homem misterioso. 

    A sorte de Ana Maria começou a mudar quando um detetive experiente, chamado Samuel Torres, chegou a Cáceres para investigar uma série de crimes não resolvidos na região. Ao ouvir sobre os eventos estranhos que a jovem vinha enfrentando, ele se mostrou interessado e resolveu investigar pessoalmente. Embora cético a princípio sobre a ideia de um perseguidor invisível, a dedicação e o medo genuíno de Ana Maria o intrigaram. 

    Samuel decidiu observar a movimentação na casa dos Alencar e na praça central. No início, não encontrou nada de incomum, mas sua intuição lhe dizia que havia algo escondido. Ele começou a seguir Ana Maria discretamente e a estudar os padrões de comportamento do suposto perseguidor. Aos poucos, o detetive percebeu que o homem misterioso aparecia e desaparecia em locais estratégicos, quase como se fosse capaz de se tornar invisível. 

    Com as evidências se acumulando, Samuel passou a desconfiar que o perseguidor usava alguma forma de camuflagem. Ele sabia que era preciso encontrar uma prova sólida para incriminá-lo, e, para isso, contou com a ajuda de Ana Maria. Juntos, eles criaram um plano para atraí-lo a uma armadilha. 

    Uma noite, quando a cidade estava mergulhada na escuridão, Samuel e Ana Maria armaram uma cilada na praça central. Como esperado, o homem misterioso apareceu novamente. Mas desta vez, Samuel estava preparado. Usando técnicas de investigação e uma lanterna especial, ele revelou a presença do perseguidor invisível, revelando-o como um engenhoso inventor de dispositivos de camuflagem. 

    O homem, cujo nome era Octávio Mendes, era um inventor recluso que sentia uma obsessão por observar a vida das pessoas sem ser notado. Incapaz de enfrentar suas próprias frustrações sociais, ele se refugiava na invisibilidade, onde se sentia poderoso e invulnerável. 

    Octávio Mendes foi preso pelas autoridades e a paz voltou a reinar em Cáceres. Ana Maria, finalmente, conseguiu provar a todos que suas suspeitas eram reais. A experiência a fortaleceu, e a jovem passou a ser conhecida não apenas como uma representante da família Alencar, mas também como uma mulher destemida que jamais desistia da verdade. 

    Com o tempo, Samuel e Ana Maria tornaram-se grandes amigos, compartilhando uma conexão especial que surgiu a partir dessa misteriosa e emocionante aventura. E, enquanto o passado permanecia envolto em segredos, a dupla sabia que sempre poderia contar com a força um do outro para enfrentar o que quer que o futuro reservasse. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

O Olho de Nimbu

    Conta-se que, nos anos 20 do século XX, na cidade de Cáceres, existiu uma jovem chamada Isabella, pertencente a uma família extremamente tradicional e conservadora. Ela vivia em uma grande mansão com seus pais e irmãos, seguindo as rígidas regras e tradições estabelecidas por gerações. No entanto, a jovem, de beleza estonteante, tinha uma mente inquisitiva e um espírito livre, o que muitas vezes a colocava em conflito com os valores de sua família. Ela sonhava com um mundo além das convenções e desejava explorar os mistérios que a vida tinha a oferecer. 

    Um dia, enquanto caminhava pelos belos jardins da propriedade da família, Isabella sentiu uma presença sinistra, como se estivesse sendo observada. Ela se virou rapidamente, mas não viu ninguém por perto. Inquieta, ela descartou essa sensação, atribuindo-a à sua imaginação. No entanto, ao longo dos dias seguintes, a sensação persistiu e Isabella começou a notar movimentos fugazes no canto de seus olhos. 

    Assustada, ela decidiu contar a sua família sobre o que estava acontecendo. No entanto, ao fazê-lo, eles a desacreditaram, acreditando que sua imaginação estava sendo influenciada por suas leituras de romances e contos de mistério. Até mesmo seus amigos e serviçais da mansão acharam que ela estava exagerando. 

    Sentindo-se isolada e com medo, Isabella começou a investigar por conta própria. Ela passou horas na biblioteca da mansão, pesquisando sobre fenômenos sobrenaturais e histórias de aparições. No entanto, nada parecia se encaixar com o que estava acontecendo com ela. Enquanto isso, as pessoas ao seu redor começaram a questionar sua sanidade mental. 

    Em meio à angústia e ao desespero, Isabella cruzou com o experiente investigador policial, detetive Augusto Mendes, que estava na cidade para resolver um caso de roubo em uma casa de joias próxima. Intrigado pela história de Isabella e percebendo a sinceridade em seus olhos, o detetive decidiu ajudá-la, mesmo que isso significasse correr riscos. Augusto começou a investigar discretamente a família de Isabella, bem como qualquer pessoa suspeita que estivesse nas redondezas da mansão. Ele encontrou alguns pistas estranhas, mas nada que apontasse diretamente para um perseguidor invisível. No entanto, o detetive não desistiu. 

    Enquanto investigava, Augusto conheceu um velho ermitão chamado Domênico, que vivia isolado nas montanhas próximas a Cáceres. Domênico era conhecido por seus conhecimentos místicos e lendas da região. Intrigado pelas habilidades de Domênico, Augusto decidiu compartilhar sua investigação com ele. 

    O ermitão ouviu atentamente a história de Isabella e as descobertas de Augusto. Com um olhar sério, ele revelou que havia um mito antigo sobre um artefato misterioso escondido na região, capaz de conceder invisibilidade ao seu portador. Esse artefato, chamado de "Olho de Nimbu", dizia-se ter sido criado por um mago poderoso em tempos remotos. 

    Percebendo que essa história se encaixava nos acontecimentos recentes, Augusto e Domênico se uniram para encontrar esse artefato e desvendar o mistério da perseguição invisível. Eles acreditavam que alguém poderia ter encontrado o artefato e estava usando-o para assustar Isabella, possivelmente por razões obscuras e pessoais. Com a ajuda de Domênico, Augusto conseguiu rastrear o artefato até um antiquário suspeito na cidade. Lá, eles encontraram um homem misterioso que estava prestes a vendê-lo a um colecionador obscuro. Após uma intensa perseguição, eles conseguiram impedir o negócio e apreender o artefato. 

    Com o "Olho de Nimbu" em suas mãos, eles descobriram que o artefato possuía poderes genuínos de invisibilidade, tornando quem o possuía completamente indetectável. O homem misterioso que estava perseguindo Isabella era, de fato, um ladrão e charlatão que encontrou o artefato por acaso e decidiu usá-lo para seus propósitos malévolos. 

    Com o caso resolvido, Augusto entregou o artefato ao ermitão Domênico para mantê-lo seguro e protegido de cair em mãos erradas novamente. Isabella, finalmente, pôde encontrar paz e segurança, enquanto sua família percebeu o quão injusta havia sido ao duvidar dela. 

    O detetive e Isabella se tornaram amigos próximos e, com o tempo, acabaram se apaixonando. Juntos, eles embarcaram em outras aventuras, desvendando mistérios e enfrentando desafios ao longo da vida. A história da jovem perseguida por alguém invisível se transformou em uma lenda local, mas para Isabella e Augusto, foi o começo de uma parceria duradoura e um amor improvável que floresceu em um mundo cheio de maravilhas e segredos. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

O medalhão da invisibilidade

    Era o ano de 1925 em Cáceres, uma cidadezinha pitoresca do interior, onde as tradições e os costumes eram tão sólidos quanto as pedras das construções antigas. Naquela época, a família Gouveia era uma das mais tradicionais da região. Sua jovem filha, Isabella, uma moça encantadora e de coração gentil, estava destinada a seguir os passos conservadores de seus antepassados. 

    Desde cedo, Isabella sentia um fascínio pelo mundo além das fronteiras de Cáceres. Mas a rigidez das convenções sociais não lhe permitia almejar objetivos fora do que a sociedade impunha às mulheres da época. No entanto, sua curiosidade e espírito livre não foram sufocados e ela encontrava maneiras discretas de se manter informada sobre o mundo em evolução. 

    Certa tarde, enquanto voltava para casa após uma caminhada pelas margens do rio Paraguai, Isabella teve a inquietante sensação de estar sendo observada. Olhava ao redor, mas não havia ninguém visível. Passou dias com esse sentimento persistente, mas decidiu não contar a ninguém, temendo que pensassem que ela estava ficando louca. 

    A jovem procurou se convencer de que era apenas sua imaginação, mas, ao chegar o crepúsculo, a sensação voltou mais forte do que nunca. Isabella começou a notar pequenos detalhes que a faziam sentir-se vigiada: um objeto fora de lugar, passos silenciosos, ruídos inexplicáveis. Cada vez mais angustiada, ela finalmente compartilhou suas preocupações com seus pais, mas eles a tranquilizaram, dizendo que eram apenas fruto de seu estado emocional. 

    Sem conseguir dormir, Isabella decidiu investigar por conta própria. Vasculhou os arredores de sua casa em busca de pistas, mas encontrou pouco além de seus próprios medos. Certo dia, enquanto lia sobre lendas e mistérios em uma biblioteca local, deparou-se com uma história sobre um artefato lendário: um medalhão capaz de conceder invisibilidade ao seu possuidor. Aquilo parecia absurdo e fantasioso, mas também encheu o coração de Isabella com esperança. Seria possível que alguém estivesse perseguindo-a usando tal artefato? Convencida de que precisava de ajuda, a jovem foi à delegacia local para relatar suas preocupações. 

    O investigador policial, Ricardo Silva, não pôde deixar de ficar intrigado com o caso. Embora fosse um homem cético, algo no olhar determinado de Isabella o fez acreditar em sua história. Ele começou a investigar discretamente, entrevistando pessoas próximas a ela e buscando pistas que pudessem apontar para o responsável pela perseguição. Enquanto Ricardo investigava, Isabella continuava sendo assombrada por essa sensação de estar sendo observada, mas agora sentia-se mais segura, pois alguém finalmente levava suas preocupações a sério. No entanto, com o tempo, o policial não encontrou evidências concretas de um perseguidor. 

    Frustrado, mas determinado, Ricardo decidiu aprofundar sua investigação. Ele vasculhou livros antigos em busca de lendas sobre o medalhão da invisibilidade, procurando alguma pista que pudesse conectá-lo ao possível perseguidor. Enquanto estudava, uma informação intrigante surgiu: um explorador estrangeiro, conhecido como Oren Wright, havia visitado Cáceres alguns meses antes. 

    Oren Wright era um homem misterioso e colecionador de artefatos antigos, incluindo o lendário medalhão. Ele também era conhecido por sua habilidade em se misturar nas sombras e passar despercebido. Aos poucos, os eventos começaram a se encaixar na mente de Ricardo, e ele percebeu que Isabella poderia estar sendo perseguida por Wright. 

    Com cautela, Ricardo começou a seguir os passos do explorador, coletando evidências enquanto permanecia discreto. Afinal, Wright tinha a reputação de ser perigoso e evasivo. O policial logo descobriu que Wright estava realmente usando o medalhão, mas não para fins benignos. Ele estava atrás de informações valiosas da família Gouveia, e Isabella era sua rota de acesso. O momento da verdade finalmente chegou quando Ricardo confrontou Oren Wright em um confronto tenso e sombrio. O explorador tentou usar o medalhão para escapar, mas Ricardo estava preparado e conseguiu detê-lo antes que pudesse desaparecer nas sombras. 

    Com a verdade revelada, Isabella e sua família ficaram agradecidas a Ricardo por sua dedicação e bravura. Oren Wright foi preso e o medalhão, confiscado. A jovem mulher de Cáceres finalmente podia viver em paz, livre das sombras que a assombravam. 

    Com o tempo, a história da coragem de Isabella e do astuto policial Ricardo Silva se tornou uma lenda na cidade de Cáceres. A família Gouveia, agora com uma perspectiva mais aberta, permitiu que a jovem seguisse suas próprias aspirações e buscassem um mundo além das tradições, honrando a memória daquela épica jornada contra um inimigo invisível. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

Tragédia e Mistério: O Assassinato de Adriana

    Adriana e Marcos cresceram juntos na mesma vizinhança, compartilhando risadas, aventuras e sonhos desde a adolescência. Ao longo dos anos, a amizade evoluiu para algo mais profundo, e eles se apaixonaram perdidamente. O amor entre os dois era palpável, e todos em sua comunidade admiravam o casal que parecia estar destinado a ficar juntos para sempre. 

    Após alguns anos de namoro, Marcos finalmente pediu Adriana em casamento e, com grande felicidade, ela aceitou. Juntos, após o casamento, eles se mudaram para uma casa aconchegante em um bairro tranquilo, onde esperavam construir uma vida feliz juntos. A comunidade os acolheu calorosamente, compartilhando sua alegria pelo casamento recém celebrado. 

    Contudo, um dia, o inimaginável aconteceu: Adriana foi encontrada morta em sua própria casa. A notícia abalou a todos na comunidade, mas ninguém ficou mais devastado do que Marcos. Ele estava inconsolável, e sua tristeza era visível para todos. A tragédia parecia um golpe duro demais para que ele conseguisse lidar. A polícia começou a investigar o caso, e naturalmente, Marcos se tornou o principal suspeito. Afinal, ele estava em casa na hora da morte e não havia sinais de arrombamento ou invasão. Além disso, alguns amigos próximos de Marcos e Adriana relataram que o casamento deles enfrentava problemas recentemente, o que levantou ainda mais suspeitas. 

    Enquanto a investigação prosseguia, os segredos do casal começaram a emergir lentamente. Marcos e Adriana tinham mantido algumas questões privadas escondidas da comunidade. O relacionamento aparentemente perfeito tinha suas rachaduras. Brigas ocasionais e desentendimentos foram revelados através de mensagens e conversas com amigos próximos. No entanto, nada parecia indicar que Marcos seria capaz de cometer um crime tão terrível. 

    Conforme as investigações avançavam, a polícia descobriu que havia um ex-namorado de Adriana que havia voltado a contatá-la secretamente. Isso trouxe uma nova perspectiva ao caso. Talvez alguém do passado de Adriana pudesse estar envolvido em sua morte, tentando interferir em sua vida novamente. Os investigadores seguiram essa pista e, eventualmente, conseguiram localizar o ex-namorado de Adriana. Através de um trabalho meticuloso, descobriram que ele estava consumido por ciúmes e ressentimento após descobrir que Adriana havia se casado com Marcos. 

    As provas começaram a se acumular contra o ex-namorado, e ele foi detido. Em um interrogatório tenso, ele finalmente confessou o crime, admitindo que não conseguia aceitar o fato de que Adriana havia escolhido outra pessoa para amar. 6A comunidade ficou chocada ao saber da verdadeira história por trás da morte de Adriana. Enquanto lamentavam sua perda, também ficaram aliviados que o verdadeiro culpado havia sido encontrado e que Marcos era inocente. 

    Meses após o incidente, Marcos ainda estava sofrendo com a perda de sua amada, mas o apoio da comunidade ajudou a aliviar sua dor. Ele decidiu homenagear a memória de Adriana trabalhando em uma organização de apoio às vítimas de crimes e violência doméstica. Com o tempo, Marcos encontrou um pouco de paz em suas atividades voluntárias e conheceu outras pessoas que também haviam passado por situações difíceis. Embora jamais esquecesse Adriana, ele aprendeu a seguir em frente, mantendo sua lembrança viva em seu coração. 

    A história de Adriana e Marcos deixou uma lição profunda na comunidade sobre o valor da empatia e da compreensão. Enquanto todos perceberam que ninguém é realmente o que parece à primeira vista, também aprenderam que é importante estar lá uns para os outros nos momentos de dor e dificuldade, pois ninguém sabe verdadeiramente as batalhas pessoais que cada um enfrenta. E assim, a memória de Adriana viveu através das ações amorosas e compassivas da comunidade em que ela e Marcos haviam criado sua história de amor. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 28 de julho de 2023

O perseguidor invisível

    Os antigos contam que era o ano de 1925, e em Cáceres, que na época era uma pequena cidade com profundas tradições regionais, vivia uma jovem chamada Isabela Garcia. Ela pertencia a uma família bem tradicional, conhecida por suas raízes arraigadas na cultura local. Seu pai era um respeitado comerciante, e sua mãe, uma dedicada dona de casa. Desde cedo, Isabela aprendeu a seguir os preceitos da família e a viver uma vida discreta e comportada. A jovem Isabela sempre foi uma moça doce, porém curiosa e destemida, o que muitas vezes a levava a questionar os padrões impostos pela sociedade da época. 
 
    Certo dia, ao voltar para casa depois de um passeio pelo parque da cidade, Isabela teve a sensação inquietante de que estava sendo seguida. Olhava ao redor, mas não via ninguém que pudesse explicar aquele sentimento. Apesar de sentir um calafrio na espinha, tentou não dar muita importância e atribuiu aquilo ao seu imaginário exaltado. 
 
    Porém, ao longo dos dias, a sensação persistia. Isabela sentia olhares invisíveis a perseguindo pelas ruas, e em momentos mais solitários, jurava ouvir passos furtivos atrás dela. Preocupada, ela compartilhou suas suspeitas com sua família, mas a reação foi de descrença. Afinal, como poderiam acreditar em algo que não podiam ver? A família atribuiu aquilo a algum tipo de nervosismo ou imaginação exagerada da jovem. 
 
    Determinada a provar que não estava louca, Isabela começou a anotar cada vez que se sentia perseguida, registrando detalhes sobre os supostos encontros com esse "invisível perseguidor". Ela decidiu investigar por conta própria, buscando pistas que pudessem confirmar suas suspeitas. No entanto, tudo o que encontrava eram becos sem saída e sombras sem forma. Sempre um novo labirinto em sua frenética busca para desvendar o mistério que a envolvia. 
 
    Com o tempo, a sua saúde emocional começou a se deteriorar. Ela perdia o sono, estava constantemente ansiosa e, aos poucos, sua família começava a se preocupar de verdade com a sua sanidade. Foi então que um antigo amigo da família, o investigador policial Francisco Leal, retornou à cidade após uma longa viagem. 
 
    Leal, como era mais conhecido, sempre acreditou nas histórias de Isabela sobre sua perseguição, e, mesmo enfrentando a desconfiança dos outros, decidiu investigar o caso de perto. Ele passou horas conversando com Isabela, buscando entender melhor o que ela sentia e, mais importante, o que não conseguia ver. 
 
    Guiado pelas anotações detalhadas da jovem, o investigador começou a perceber um padrão nas ocorrências e fez a ligação com algumas ocorrências estranhas que tinham acontecido na cidade. Relatos de objetos misteriosamente desaparecendo ou sendo encontrados em lugares inesperados começaram a se encaixar no que Isabela descrevia. 
 
    O resoluto investigador passou noites em claro pesquisando lendas e mitos antigos, até encontrar algo que poderia explicar o que estava acontecendo: uma lenda local sobre um homem que, séculos atrás, teria adquirido um artefato místico que o tornava invisível. Essa figura lendária foi apelidada de "O Espreitador". 
 
    Intrigado e decidido a resolver o mistério, Leal começou a buscar pistas sobre a possível existência desse artefato. Sua busca o levou a lugares obscuros e perigosos, mas sua determinação só crescia. Ele sabia que estava perto da verdade quando começou a perceber sinais que apontavam para um suspeito: um homem misterioso que tinha acabado de chegar à cidade e despertava pouca atenção. 
 
    Com a colaboração de Isabela, que passou a confiar plenamente em Leal, o investigador foi se aproximando cada vez mais do homem misterioso, que aparentemente não levantava suspeitas, mas que estava sempre presente nas cenas dos acontecimentos inexplicáveis. Em um final de tarde, quando o por do sol às margens do Rio Paraguai pintava o céu de amarelo, Isabela caminhava de volta para casa e entrou em uma viela deserta. Sentiu um calafrio e, dessa vez, teve a sensação de que o seu perseguidor invisível a pegaria. 
 
    Caminhou rápido pelo beco e encostou em uma das casas de adobe. Sentiu o odor de suor se aproximando de seu rosto quando a janela da casa se abriu e um balde de água foi jogado por cima dela. Em fração de segundos, um saco de farinha foi despejado e surgiu o vulto de um homem. Rápido como um gato, Leal pulou sobre o homem e o esmurrou fazendo-o perder os sentidos. Amarrou suas mãos e o levou preso para a delegacia. 
 
    Isabela pode, então, comprovar suas suspeitas e todos na cidade ficaram intrigados com a audácia do homem. Soube-se pelo interrogatório que ele havia adquirido o artefato místico através de um ritual que envolvia um pacto de sangue e o principal objetivo era sacrificar uma virgem de coração puro. 
 
    O homem, depois de dois dias sendo interrogado, desapareceu da cela sem deixar vestígios. Isabela ficou algum tempo sem sair de casa para nada e a população da cidade parecia ver coisas em qualquer sombra que via. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

O Lobisomem Cacerense

    A magnífica e tranquila cidade de Cáceres, situada em meio a belas paisagens naturais às margens do Rio Paraguai, nem sempre foi assim tão pacata. Conta-se que houve um tempo em que, por trás de sua aparente serenidade, um terrível segredo estava prestes a ser revelado. A pacata cidade escondia uma maldição que afligia um jovem chamado Pedro. 

    Pedro era um rapaz de coração gentil e altruísta, conhecido por sua dedicação à comunidade e seu amor pela natureza. Ele sempre ajudava os moradores da cidade, especialmente os mais necessitados, e sua presença era um raio de esperança para muitos. No entanto, o destino o reservava para algo sombrio e misterioso. 

    Em noites de lua cheia, um misterioso Lobisomem começou a aterrorizar os arredores da Praça Barão e a periferia da cidade. As vítimas encontradas eram despedaçadas e suas histórias de horror se espalhavam rapidamente. Ninguém sabia a origem dessa maldição ou quem era o responsável por tais atrocidades. O povo de Cáceres ficou amedrontado e desesperado. As noites de lua cheia traziam um clima de pavor, e os habitantes evitavam sair de casa após o por do sol. O rumor de que um Lobisomem rondava a cidade se propagou, mas ninguém sabia como enfrentar tal ameaça sobrenatural. 

    Enquanto a cidade estava imersa em medo e incertezas, Pedro sentia o peso da angústia em seu coração. O jovem carregava um segredo que o atormentava dia e noite. Ele se sentia responsável pelo que estava acontecendo, mas temia revelar sua verdadeira identidade. 

    Há alguns meses, Pedro sofrera um acidente em uma mata próxima à cidade. Naquela noite fatídica, a lua brilhava intensamente no céu, banhando a mata em uma luz prateada. Ele se deparou com uma estranha figura escura e, sem perceber, fora mordido. Nos dias seguintes, Pedro começou a notar mudanças em si mesmo. Seus sentidos se aguçaram, sua força aumentou e ele sentia uma incontrolável fúria interior. Aos poucos, percebeu que se transformava em um Lobisomem nas noites de lua cheia. Em sua forma selvagem, ele causava estragos sem lembrar de suas ações quando voltava à forma humana. 

    Pedro estava aterrorizado com a maldição que caíra sobre ele. Ele passou a se isolar e a procurar soluções desesperadamente, mas tudo era em vão. Acreditava que, se revelasse seu segredo, seria condenado e temido pelos outros. Além disso, tinha medo de machucar alguém que amava durante suas transformações. O peso da culpa tornou-se quase insuportável, e Pedro precisava encontrar uma forma de pôr um fim a essa maldição. Decidiu recorrer a um sábio ermitão que vivia na Baia do Malheiros, conhecido por seu vasto conhecimento sobre magia e mistérios ocultos. 

    O ermitão ouviu atentamente a história de Pedro e compreendeu o dilema que o atormentava. Com compaixão em seus olhos sábios, o ermitão revelou que aquela maldição era uma manifestação dos sentimentos mais sombrios que residiam no coração do jovem. 

    Pedro, com lágrimas nos olhos, admitiu que seu coração não era puro, que carregava ressentimento e raiva em relação a algumas injustiças que testemunhou. A mordida da criatura sombria havia despertado e amplificado esses sentimentos, dando origem ao Lobisomem Cacerense. 

    O ermitão explicou que a única maneira de quebrar a maldição era encontrar o equilíbrio dentro de si mesmo, enfrentar seus sentimentos e perdoar aqueles que o magoaram. Pedro embarcou em uma jornada interna de autoconhecimento, buscando enfrentar suas próprias sombras e purificar seu coração. As noites de lua cheia continuaram, mas algo havia mudado dentro de Pedro. Ele não mais sucumbia à fúria descontrolada; em vez disso, encontrou a paz e o controle sobre si mesmo. A cidade, que antes tremia de medo, passou a admirar a coragem do jovem que enfrentara o monstro interior. 

    Com o tempo, a lenda do Lobisomem Cacerense se transformou em uma história de superação e redenção. Pedro passou a ser conhecido como o guardião da cidade, alguém que protegia a todos com sua bondade e sabedoria. Seu segredo, agora compartilhado com confiança, tornou-se uma inspiração para todos, lembrando que, por mais sombrios que sejam nossos segredos, a verdadeira força está em enfrentá-los e transformá-los em luz. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

O Misterioso Homem da Praça Barão e o Espírito do Minhocão Contra os Pichadores

    Tem um lugar pitoresco e cheio de histórias na cidade de Cáceres, conhecido como Praça Barão. Nessa praça, ergue-se majestoso o Marco do Jauru, uma antiga e imponente estrutura que simboliza a história e as tradições da região. Próximo ao monumento, fica a estátua do Anjo da Ventura, que emana uma energia misteriosa e quase mágica e que, além de outras coisas, guarda mistérios de uma cidade bicentenária. 

    No entanto, ultimamente, a paz da Praça Barão estava sendo perturbada pelos pichadores, jovens que deixavam suas marcas nas paredes e estruturas, desrespeitando a história e a beleza do lugar. As autoridades locais tentavam combater esse vandalismo, mas os pichadores eram ágeis e evitavam ser pegos. 

    Entretanto, o destino dessa história reservava algo inesperado. Era um dia ensolarado em Cáceres quando um homem desconhecido apareceu na Praça Barão. Vestido de forma peculiar, com um sobretudo escuro e um chapéu que sombreava seus olhos, ele emanava uma aura enigmática e quase sobrenatural. Ele passou ali a tarde inteira e, praticamente, não foi notado por ninguém que transitava nesse espaço. Já escurecia enquanto observava o Marco do Jauru, quando o homem notou a aproximação dos pichadores, latas de tinta spray em mãos, prontos para fazerem mais estragos. O coração do homem se encheu de tristeza ao ver a falta de respeito da juventude pelo patrimônio histórico. 

    Decidido a agir, o homem misterioso seguiu os pichadores até a base do Marco do Jauru e, com uma voz firme e assustadora, disse: 

    - "Parem com isso, crianças! Respeitem o passado e o presente desta cidade!" 

    Os pichadores se viraram, assustados com a figura enigmática que surgira do nada. Sem entender bem o que estava acontecendo, eles tentaram ignorar o homem e continuar com o vandalismo, mas algo estranho ocorreu. 

    Do topo da Igreja Matriz, conhecida como um ponto turístico da cidade, uma estranha fumaça começou a surgir. E logo, uma criatura gigantesca e aterrorizante emergiu das sombras. Era o espírito do Minhocão, uma lenda local que diziam habitar as profundezas do Rio Paraguai. 

    O Minhocão, agora desperto e furioso com os invasores da Praça Barão, avançou na direção dos pichadores. Enquanto o grupo corria em pânico, o espírito gigante lançava uma chuva de água pela boca, apagando todas as pichações que encontrava pelo caminho. O homem misterioso sorriu, pois sabia que aquele era o guardião da praça, destinado a proteger os patrimônios históricos da cidade. O Minhocão fez com que os pichadores fugissem assustados, e sua mensagem estava clara: o respeito e a preservação do patrimônio eram essenciais. 

    Em seguida, o espírito do Minhocão voltou à Igreja Matriz, e o homem misterioso desapareceu como havia surgido. A Praça Barão estava em paz novamente, e a história do homem enigmático e do guardião espiritual espalhou-se rapidamente pela cidade. 

    A partir desse dia, os jovens de Cáceres aprenderam a valorizar a história e a beleza de sua cidade, e o Marco do Jauru e o Anjo da Ventura tornaram-se símbolos ainda mais fortes de orgulho e identidade local. A lenda do homem misterioso e do espírito do Minhocão continuou a ser contada por gerações, servindo como um lembrete de que o respeito pelo passado é a chave para um futuro promissor. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 25 de julho de 2023

Duas Irmãs (Primeira Parte) - A irmã de Suelen

    Duas irmãs. Duas lindas garotas que cresceram sempre juntas e nutriam grande amizade e consideração uma pela outra. Com diferença de dois anos aprenderam a se amar e a brincarem juntas sempre compartilhando seus segredos e anseios. 
 
    Suelen era a mais velha e tinha uma pele bem clara com cabelos que beirava o loiro. Suzana era mais nova e um pouco mais morena com cabelos ruivos e cacheados. Em questão de beleza as duas eram lindas e despertavam a admiração de todos que as viam sempre a brincar nos finais de tarde perto da rua onde moravam...
 
Continua!
 
Obs. Apresentação do Romance: "Duas Irmãs" do autor Odair José da Silva - Lançamento em 2024!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Um quarto para o Pastor

    Na época em que Cáceres era marcada pela violência e dificuldades, vivia na cidade uma mulher chamada Isabel. Ela era conhecida por sua bondade e generosidade, sempre pronta a ajudar os outros em suas necessidades. Certo dia, enquanto caminhava pelas ruas de sua comunidade, ela notou um homem alto e carismático que se destacava entre a multidão. Esse homem era o Pastor Otávio, um líder religioso dedicado que estava empenhado em fazer a diferença naquele bairro perigoso. 

    Impressionada com a força e o compromisso do jovem Pastor em ajudar os moradores locais, Isabel começou a observá-lo de perto. Ela viu como ele se envolvia ativamente na comunidade, organizando eventos para as crianças, apoiando os idosos e oferecendo palavras de consolo e esperança para todos que precisavam. Ele era uma fonte de inspiração para muitos, mesmo em meio a um ambiente tão hostil. 

    Com o tempo, Isabel teve a oportunidade de conversar com o Pastor Otávio e conhecer mais sobre seu trabalho. Ela ficou tocada pelas histórias que ele compartilhou sobre as vidas transformadas por meio de sua mensagem de amor e compaixão. No entanto, Isabel também notou que o jovem Pastor muitas vezes enfrentava dificuldades para preparar suas mensagens e encontrar um local tranquilo para se concentrar. 

    Decidida a contribuir de alguma forma, Isabel teve uma ideia brilhante. Ela tinha um pequeno quarto nos fundos de sua casa, usado apenas como depósito de coisas sem uso. Isabel decidiu reformar esse espaço, transformando-o em um ambiente aconchegante e calmo, perfeito para que o Pastor Otávio pudesse se preparar para suas pregações e encontrar paz para meditar e orar. 

    Com a ajuda de alguns amigos, Isabel começou a reforma. Pintaram as paredes com cores suaves, colocaram uma escrivaninha simples e algumas prateleiras para que o Pastor pudesse organizar seus materiais. Ela comprou uma confortável poltrona e um tapete macio para o chão. Além disso, decorou o ambiente com algumas plantas e quadros com mensagens inspiradoras. 

    Quando o quarto ficou pronto, Isabel convidou o Pastor Otávio para uma surpresa. Ao entrar naquele espaço acolhedor e dedicado especialmente a ele, o rosto do Pastor se iluminou com alegria e gratidão. Ele ficou profundamente tocado pela generosidade de Isabel e pela dedicação em proporcionar um lugar tão especial para suas reflexões e preparações. 

    Desde então, o quarto se tornou o refúgio do Pastor. Todas as semanas, ele passava horas ali, estudando as escrituras, escrevendo suas mensagens e buscando forças para enfrentar os desafios que encontrava na comunidade. As palavras dele ganharam ainda mais poder e significado, pois vinham de um coração que encontrava inspiração na tranquilidade daquele espaço gentilmente criado por Isabel. 

    O exemplo de amor e cuidado de Isabel não parou por aí. Vendo o impacto positivo do trabalho do Pastor Otávio, ela se inspirou a fazer ainda mais pela comunidade. Juntos, eles formaram uma parceria sólida e lideraram projetos para melhorar a qualidade de vida daquele lugar. Com o tempo, outros membros da comunidade se uniram a eles, formando uma rede de solidariedade e esperança. 

    Assim, a história de Isabel e do Pastor Otávio se tornou um exemplo de como a empatia, o respeito e a dedicação podem transformar vidas e comunidades inteiras. Eles mostraram que, mesmo diante de desafios aparentemente intransponíveis, é possível encontrar inspiração e força em pequenos gestos de bondade, e que o trabalho conjunto pode fazer uma diferença significativa na vida das pessoas. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 21 de julho de 2023

O homem destroçado

    Havia um homem chamado Jaime, que tinha sido destroçado pela perda da mulher que amava. Ela fora seu porto seguro, sua musa inspiradora e a luz que iluminava seus dias sombrios. Desde sua partida, Jaime se sentia vazio e perdido, incapaz de encontrar alegria em qualquer aspecto da vida. 

    Um dia, enquanto vagava pelas ruas da cidade, ele conheceu uma mulher chamada Sofia. Ela tinha um sorriso acolhedor e olhos cheios de ternura, mas não se assemelhava em nada à sua falecida esposa. Ainda assim, Jaime sentiu-se inexplicavelmente atraído por ela. Conforme passavam mais tempo juntos, ele começou a projetar naquela nova relação todas as memórias e qualidades da mulher que perdera, idealizando Sofia como uma espécie de substituta. 

    Sofia, com o passar do tempo, notou que Jaime a tratava com um cuidado excessivo e uma devoção que, em certo sentido, a sufocava. Ela se sentia amada, mas também percebia que havia algo estranho na maneira como ele a enxergava. Era como se ele não a visse como uma pessoa independente, mas sim como uma oportunidade de trazer de volta aquela que ele perdera. 

    Jaime, por sua vez, não percebia suas próprias ações. Ele estava tão imerso em sua idealização e dor que, sem perceber, estava tentando transformar Sofia na imagem de sua antiga amada. Ele a vestia com as roupas que a falecida esposa usava, tentava imitar os trejeitos e até mesmo começou a chamá-la pelo mesmo apelido carinhoso. 

    No entanto, por mais que Sofia quisesse ser compreensiva e apoiar Jaime em seu luto, ela também se sentia sufocada e invisível. Ela queria ser amada por quem era e não como uma sombra do passado de outra pessoa. Sofia começou a perceber que, para se relacionar com Jaime, precisava se anular e reprimir sua própria identidade, o que a deixava profundamente infeliz. 

    Com o tempo, a situação tornou-se insustentável. Sofia conversou honestamente com Jaime, expressando suas inquietações e angústias. Ela ressaltou que, apesar de amá-lo, não poderia ser aquilo que ele desejava: uma cópia da mulher que ele perdera. Ela precisava ser amada por quem era, com suas próprias peculiaridades e características. Essa conversa foi um divisor de águas para Jaime. Ele finalmente enxergou como havia se apegado ao passado, tentando recuperar uma felicidade que já não existia. Ele compreendeu que sua idealização não apenas prejudicava seu relacionamento com Sofia, mas também o impedia de seguir em frente com sua vida. 

    A partir desse momento, Jaime começou a trabalhar para superar seu luto e aceitar que sua esposa havia partido. Ele percebeu que, embora nunca pudesse esquecê-la, poderia honrar sua memória ao permitir-se amar novamente, sem comparações ou projeções. E, ao longo do tempo, ele aprendeu a apreciar Sofia como a pessoa incrível que ela era, sem tentar transformá-la em algo que não era. O processo foi doloroso e desafiador, mas Jaime percebeu que o amor verdadeiro não exige anulação. Ele entendeu que amar alguém significa aceitar suas peculiaridades e individualidade, sem tentar forçá-las a serem diferentes. O relacionamento deles floresceu quando ele passou a valorizar Sofia por quem ela era, e não por quem ele queria que ela fosse. 

    Jaime e Sofia viveram uma linda história de amor, baseada na compreensão, respeito e aceitação mútuos. Embora ele jamais esquecesse sua falecida esposa, aprendeu a manter viva a memória dela de uma forma saudável, sem deixar que a dor da perda o aprisionasse. Ele percebeu que o verdadeiro amor não se resume a encontrar alguém para substituir o que foi perdido, mas sim a permitir-se amar de novo, mantendo sempre a lembrança dos que partiram em um lugar especial do coração. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

Os Desordeiros

    Havia uma pequena escola em uma pacata cidade chamada Lambari. Entre os alunos dessa escola, havia um grupo de arruaceiros conhecidos como "Os Desordeiros". Eles se sentavam no fundo da sala de aula e se comportavam de forma insolente e desrespeitosa com os professores. Esses jovens, liderados por um aluno chamado Pimenta, acreditavam que agir assim lhes davam uma sensação de poder e controle. 

    No começo, os professores enfrentavam dificuldades em lidar com Os Desordeiros. Os insultos, as brincadeiras de mau gosto e o barulho incessante eram constantes. A cada dia, o grupo parecia desafiar os limites ainda mais. Os outros alunos se sentiam intimidados e incapazes de fazer algo a respeito. Porém, havia três professores excepcionais naquela escola: o Sr. Pedro, a Sra. Marta e a Srta. Aninha. Apesar de enfrentarem desafios diários com Os Desordeiros, eles se mantinham firmes em seus valores de respeito, educação e compreensão. 

    O Sr. Pedro, um professor de História, decidiu abordar Os Desordeiros de uma maneira diferente. Ele os convidou para uma conversa após a aula, sem punições ou repreensões. O objetivo do Sr. Pedro era mostrar que, independentemente de suas ações, ele os respeitava como indivíduos, mas também esperava ser tratado com respeito. Ele contou sobre sua própria adolescência, seus erros e aprendizados, e como a educação o ajudou a encontrar seu caminho. Surpreendentemente, alguns dos arruaceiros começaram a refletir sobre suas atitudes. 

    A Sra. Marta, professora de Ciências, optou por abordar a resiliência dos professores em uma lição. Ela trouxe histórias inspiradoras de educadores que superaram desafios em suas vidas e fizeram a diferença. Com isso, ela mostrou que mesmo quando as coisas são difíceis, a educação e o respeito são ferramentas poderosas para superar adversidades. Gradualmente, alguns dos arruaceiros começaram a se sentir tocados por essas histórias. 

    Enquanto isso, a Srta. Aninha, professora de Língua Portuguesa, decidiu utilizar a literatura como uma forma de se conectar com Os Desordeiros. Ela escolheu livros que retratavam personagens com histórias de vida semelhantes às deles. Isso permitiu que eles se vissem em diferentes perspectivas e compreendessem as consequências de suas ações. Muitos do grupo ficaram comovidos e começaram a questionar sua postura rebelde. 

    Com o tempo, Os Desordeiros começaram a se afastar do comportamento prejudicial. Eles ainda eram adolescentes cheios de energia, mas agora canalizavam isso de forma mais positiva. Eles se juntaram a atividades extracurriculares e começaram a se destacar em suas habilidades. O próprio Pimenta, que antes liderava o grupo com mãos de ferro, se tornou um dos principais membros da equipe de futebol da escola. 

    Os professores não apenas ensinaram a matéria escolar, mas também forneceram uma educação que moldou o caráter de Os Desordeiros. Eles aprenderam a importância do respeito, da empatia e da perseverança. Gradualmente, Os Desordeiros deixaram de ser o pesadelo da escola para se tornarem jovens mais responsáveis e conscientes. 

    A mudança nos alunos não passou despercebida pelos colegas e pela comunidade. Os professores foram elogiados por sua abordagem empática e pela maneira como conseguiram transformar vidas. A escola de Lambari tornou-se um lugar onde a educação não apenas acontecia nas salas de aula, mas também no coração dos alunos. 

    Essa história mostra como o respeito, a educação e a resiliência dos professores podem fazer a diferença na vida dos alunos, mesmo daqueles que parecem irredutíveis. Com dedicação, paciência e amor pela educação, eles transformaram Os Desordeiros em alunos mais conscientes e responsáveis, provando que a educação é uma poderosa ferramenta de mudança e crescimento pessoal. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

A Velha Figueira no Campus Jane Vanini

    Há muitos anos atrás, muito antes de a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) ser fundada, uma pequena semente pousou no solo fértil do que um dia se tornaria o Campus Jane Vanini, em Cáceres. Essa semente era especial, carregando consigo o potencial de crescer e se transformar em uma majestosa figueira que testemunharia inúmeras histórias ao longo do tempo. 

    A figueira, que mais tarde seria conhecida como "Velha Figueira", cresceu vigorosamente à medida que o Campus Universitário se desenvolvia ao seu redor. Ela era uma testemunha silenciosa de tudo o que acontecia naquelas terras. Desde o início da construção dos primeiros prédios até o florescer da vida acadêmica, a figueira viu gerações de estudantes caminharem sob sua sombra em busca de conhecimento. Ela sorria ao ouvir risadas contagiantes e suspirava com os momentos de tristeza que alguns alunos compartilhavam com seus amigos debaixo de seus galhos. Cada folha e galho da figueira guardava a história de muitos sonhos, amizades forjadas, amores encontrados e despedidas emocionadas. 

    À medida que o tempo passava, a figueira se tornava cada vez mais sábia. Seus ramos entrelaçados eram como braços que abraçavam a todos que buscavam seu conforto, sua sombra e proteção. Ela era um verdadeiro símbolo de acolhimento e sabedoria, e muitos estudantes encontravam nela um refúgio para refletir sobre suas vidas e escolhas. 

    Mas não eram apenas os estudantes que buscavam a companhia da Velha Figueira. Professores, funcionários e até mesmo moradores da cidade vinham compartilhar suas histórias e segredos com a figueira, sabendo que suas palavras seriam mantidas em segredo, confiadas àquele ser antigo que parecia ter uma conexão especial com o tempo. 

    Em noites estreladas, a figueira testemunhava as serenatas românticas que alguns estudantes ofereciam a seus amores, tornando-se cúmplice das juras de amor eterno. Nos dias chuvosos, ela se protegia sob sua copa e observava as gotas de chuva dançarem em suas folhas, criando uma sinfonia única que ecoava por todo o Campus. 

    Mas nem tudo era alegria e tranquilidade. A figueira também viu tempos difíceis. Ela testemunhou ventos fortes que abalaram suas raízes, incêndios que queimaram seus galhos e períodos de seca que a fizeram lutar para sobreviver. No entanto, a Velha Figueira era resiliente e sempre se recuperava, mostrando ao mundo o poder da natureza em enfrentar as adversidades. 

    Além das histórias humanas, a figueira também compartilhava seus segredos com as criaturas que faziam dela sua casa. Pássaros construíam seus ninhos em seus galhos, pequenos roedores encontravam abrigo em suas raízes e insetos contavam suas próprias histórias sobre a vida no Campus. 

    E assim, ao longo dos anos, a Velha Figueira se tornou mais do que apenas uma árvore no Campus. Ela se tornou um símbolo vivo de sabedoria, resistência e acolhimento. A cada nova geração de estudantes que chegava ao Campus Jane Vanini, ela compartilhava suas histórias, segredos e lições, enriquecendo a jornada daqueles que a buscavam. 

    E mesmo quando a figueira finalmente completou seu ciclo de vida e se despediu deste mundo, seu legado permaneceu vivo no coração de todos aqueles que um dia compartilharam um momento sob sua sombra. Seus ramos caídos se transformaram em bancos, e um monumento foi erguido em sua homenagem, lembrando a todos que a alma da Velha Figueira sempre estaria presente na alma do Campus Universitário e naqueles que tiveram a honra de conhecê-la. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense
Imagem: Odair José, Poeta Cacerense

A Turma do Zé Jacaré e a ameaça ao Marco do Jauru

    Há muito tempo, numa pequena cidade chamada Cáceres, localizada ao lado do majestoso Rio Paraguai, viviam três amigos inseparáveis: Zé Jacaré, Mayara, a Capivara, e Léo, o Tuiuiú. Eles eram conhecidos por sua coragem e lealdade, e sempre estavam prontos para proteger sua amada cidade de qualquer ameaça que surgisse. 

    Certo dia, enquanto os amigos estavam aproveitando o sol da tarde na Praça Barão, um lugar especial onde o Marco do Jauru, um símbolo histórico, estava erguido, algo sinistro e sombrio se aproximou. Era uma figura misteriosa, envolta em escuridão, e tinha olhos brilhantes como brasas. O ser sombrio revelou-se como Morgar, um ser malévolo que desejava roubar o Marco do Jauru, um artefato mágico que, segundo a lenda, trazia proteção e prosperidade à cidade. Morgar planejava tirá-lo da Praça Barão e mergulhar a cidade em trevas. 

    Assustados, Zé Jacaré, Mayara, a Capivara, e Léo, o Tuiuiú, sabiam que não podiam permitir que isso acontecesse. Eles decidiram unir suas habilidades e enfrentar a ameaça juntos. Zé Jacaré era conhecido por sua força e agilidade, Mayara possuía uma inteligência aguçada, e Léo, o Tuiuiú, era mestre em voar alto e ver longe. 

    O trio partiu em busca de uma solução para deter Morgar. Eles perguntaram aos moradores mais velhos da cidade sobre a lenda do Marco do Jauru, em busca de pistas sobre como protegê-lo. Foi revelado que, além de ser um símbolo de proteção, o marco possuía um poder escondido capaz de repelir a escuridão. 

    Determinados, os amigos embarcaram em uma jornada pelo Rio Paraguai para encontrar um antigo sábio que possuía conhecimento sobre artefatos mágicos. Após muitas aventuras e desafios, eles finalmente encontraram o sábio, que os instruiu sobre como ativar o poder do Marco do Jauru. No entanto, o sábio alertou que a magia do marco só poderia ser ativada se todos os três amigos unissem seus corações e espíritos em um forte elo de amizade verdadeira. Eles perceberam que essa era a chave para enfrentar Morgar e proteger Cáceres. 

    Com determinação e coragem, Zé Jacaré, Mayara, a Capivara, e Léo, o Tuiuiú, voltaram à Praça Barão. Morgar estava prestes a agir, mas os amigos enfrentaram a escuridão juntos. Formando um círculo ao redor do Marco do Jauru, eles se uniram de mãos dadas e compartilharam histórias de sua amizade e momentos inesquecíveis que passaram juntos. A energia da amizade verdadeira fluiu pelo círculo, iluminando a Praça Barão com uma luz brilhante e calorosa. O poder do Marco do Jauru foi ativado, e Morgar recuou, incapaz de suportar a luz da amizade e o amor que emanava dos três amigos. 

    Cáceres estava a salvo mais uma vez, e os cidadãos estavam gratos pela bravura e dedicação de Zé Jacaré, Mayara, a Capivara, e Léo, o Tuiuiú. A amizade deles provou ser a maior força contra a escuridão que ameaçava a cidade. 

    Desde aquele dia, o trio de amigos continuou a proteger Cáceres de qualquer perigo que surgisse, sempre unidos por sua amizade inabalável. E assim, a lenda dos três amigos corajosos foi contada de geração em geração, inspirando outros a valorizarem a amizade verdadeira e a protegerem o que é importante para eles. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 20 de julho de 2023

A história de Rhayane

    Essa é a história de Rhayane. Rhayane era uma jovem estudante de Direito da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Seus olhos brilhavam com determinação, e seu coração transbordava empatia e compaixão pelos outros. Além de dedicar-se intensamente aos estudos, ela encontrava tempo para voluntariar no Lar dos Idosos da cidade, onde carinhosamente passava algumas horas por semana ajudando os velhinhos a se sentirem amados e cuidados. Desde cedo, Rhayane desenvolveu uma paixão por ajudar os mais velhos, e isso a levou a dedicar parte do seu tempo no Lar dos Idosos da cidade, onde ela visitava e interagia carinhosamente com os idosos residentes. 
 
    Em um dia comum, depois de mais um encontro alegre na Casa dos Idosos, Rhayane decidiu sair com suas amigas para relaxar um pouco no Bar do Beto, um lugar movimentado frequentado por estudantes universitários. Era no Bar do Beto que Rhayane gostava de relaxar após os longos dias na faculdade e no Lar dos Idosos. Um lugar acolhedor, onde ela podia conversar com os amigos e esquecer um pouco das preocupações do dia a dia. Foi lá que ela conheceu Matheus, um estudante de Medicina com um sorriso encantador e olhos cativantes. Ele era um rapaz alto, com cabelos escuros e um olhar cativante. Os olhares de Rhayane e Matheus se cruzaram diversas vezes durante a noite, e eles acabaram se aproximando. 
 
    Matheus era atencioso, inteligente e compartilhava o mesmo amor por ajudar os outros, o que os aproximou instantaneamente. À medida que passavam mais tempo juntos, o laço entre Rhayane e Matheus se fortalecia, e um romance florescia entre eles. 
 
    Contudo, com o passar dos dias, Rhayane começou a notar pequenos detalhes sobre Matheus que a deixavam inquieta. Ele parecia misterioso quando o assunto era seu passado e evitava falar sobre sua família. Além disso, ela notou algumas marcas estranhas em seus braços, como se estivesse escondendo algo. Essas descobertas despertaram uma crescente desconfiança em seu coração. Rhayane começou a notar que Matheus tinha momentos de introspecção, como se estivesse carregando um peso emocional. Ela tentou abordar o assunto algumas vezes, mas Matheus sempre desconversava, insistindo que eram apenas preocupações com a faculdade e a carreira médica. 
 
    Determinada a entender o que estava acontecendo, Rhayane começou a investigar discretamente o passado de Matheus. Ela conversou com alguns colegas do curso de Medicina, mas ninguém parecia saber muito sobre ele. A jovem também tentou encontrar informações online, mas não obteve sucesso. Apesar das inquietações, o amor que sentiam um pelo outro era genuíno, e Rhayane tentou não deixar que a desconfiança atrapalhasse o relacionamento. Mas, à medida que os meses passavam, ela começou a perceber indícios de que Matheus estava escondendo algo muito sério. Ele recebia ligações misteriosas, frequentemente olhava para o nada como se estivesse perturbado e, em algumas ocasiões, recusou-se a falar sobre seu passado ou família. 
 
    Quanto mais ela se esforçava para desvendar o mistério, mais próxima sentia que estava de uma revelação impactante. As noites mal dormidas e o peso da incerteza começaram a afetar seu desempenho nos estudos e suas atividades no asilo. Ela sabia que precisava tomar uma decisão: confrontar Matheus ou se afastar antes que o segredo dele pudesse destruir sua vida. 
 
    Certo dia, Rhayane decidiu reunir coragem e conversar com Matheus sobre suas suspeitas. Ela escolheu um local tranquilo, longe do Bar do Beto e das distrações da faculdade, para que pudessem ter uma conversa sincera. Quando eles se encontraram, ela explicou sobre suas descobertas e seu medo de que ele estivesse escondendo algo perigoso. 
 
    Matheus hesitou por um momento, mas finalmente decidiu abrir seu coração para Rhayane. Ele revelou que, no passado, havia se envolvido com pessoas perigosas e que, em um momento de fraqueza, acabou cometendo um crime. Desde então, estava se esforçando para se afastar daquela vida e encontrar redenção através de seus estudos e de suas ações no presente. Além disso, havia um outro segredo obscuro que Matheus mantinha em seu passado. Ele estava dirigindo quando um acidente terrível aconteceu, levando à morte de sua irmã mais nova. Matheus foi consumido por uma profunda culpa e sofrimento desde aquele dia, e isso o levou a se afastar de sua família e amigos. 
 
    A jovem ficou atordoada com a confissão de Matheus, mas também admirada por sua sinceridade e desejo de mudança. Embora o segredo fosse grave, ela decidiu dar a ele uma chance de provar que era capaz de se reerguer e seguir um caminho melhor. Em vez de se afastar, ela abraçou Matheus e o consolou. Ela o encorajou a buscar ajuda profissional para lidar com o trauma e superar sua culpa. Matheus relutantemente aceitou a sugestão, e Rhayane o apoiou incondicionalmente durante o processo. 
 
    Os dias que se seguiram foram desafiadores para Rhayane e Matheus. A confiança entre eles precisava ser reconstruída, e ela se viu apoiando-o em sua jornada de mudança e redenção. Conforme Matheus enfrentava seus demônios interiores com a ajuda de terapia, o relacionamento com Rhayane fortaleceu ainda mais. O amor de Rhayane e a empatia que ela demonstrou foram fundamentais para ajudá-lo a superar os seus traumas do passado e olhar para o futuro com mais confiança. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense