sexta-feira, 21 de julho de 2023

A Velha Figueira no Campus Jane Vanini

    Há muitos anos atrás, muito antes de a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) ser fundada, uma pequena semente pousou no solo fértil do que um dia se tornaria o Campus Jane Vanini, em Cáceres. Essa semente era especial, carregando consigo o potencial de crescer e se transformar em uma majestosa figueira que testemunharia inúmeras histórias ao longo do tempo. 

    A figueira, que mais tarde seria conhecida como "Velha Figueira", cresceu vigorosamente à medida que o Campus Universitário se desenvolvia ao seu redor. Ela era uma testemunha silenciosa de tudo o que acontecia naquelas terras. Desde o início da construção dos primeiros prédios até o florescer da vida acadêmica, a figueira viu gerações de estudantes caminharem sob sua sombra em busca de conhecimento. Ela sorria ao ouvir risadas contagiantes e suspirava com os momentos de tristeza que alguns alunos compartilhavam com seus amigos debaixo de seus galhos. Cada folha e galho da figueira guardava a história de muitos sonhos, amizades forjadas, amores encontrados e despedidas emocionadas. 

    À medida que o tempo passava, a figueira se tornava cada vez mais sábia. Seus ramos entrelaçados eram como braços que abraçavam a todos que buscavam seu conforto, sua sombra e proteção. Ela era um verdadeiro símbolo de acolhimento e sabedoria, e muitos estudantes encontravam nela um refúgio para refletir sobre suas vidas e escolhas. 

    Mas não eram apenas os estudantes que buscavam a companhia da Velha Figueira. Professores, funcionários e até mesmo moradores da cidade vinham compartilhar suas histórias e segredos com a figueira, sabendo que suas palavras seriam mantidas em segredo, confiadas àquele ser antigo que parecia ter uma conexão especial com o tempo. 

    Em noites estreladas, a figueira testemunhava as serenatas românticas que alguns estudantes ofereciam a seus amores, tornando-se cúmplice das juras de amor eterno. Nos dias chuvosos, ela se protegia sob sua copa e observava as gotas de chuva dançarem em suas folhas, criando uma sinfonia única que ecoava por todo o Campus. 

    Mas nem tudo era alegria e tranquilidade. A figueira também viu tempos difíceis. Ela testemunhou ventos fortes que abalaram suas raízes, incêndios que queimaram seus galhos e períodos de seca que a fizeram lutar para sobreviver. No entanto, a Velha Figueira era resiliente e sempre se recuperava, mostrando ao mundo o poder da natureza em enfrentar as adversidades. 

    Além das histórias humanas, a figueira também compartilhava seus segredos com as criaturas que faziam dela sua casa. Pássaros construíam seus ninhos em seus galhos, pequenos roedores encontravam abrigo em suas raízes e insetos contavam suas próprias histórias sobre a vida no Campus. 

    E assim, ao longo dos anos, a Velha Figueira se tornou mais do que apenas uma árvore no Campus. Ela se tornou um símbolo vivo de sabedoria, resistência e acolhimento. A cada nova geração de estudantes que chegava ao Campus Jane Vanini, ela compartilhava suas histórias, segredos e lições, enriquecendo a jornada daqueles que a buscavam. 

    E mesmo quando a figueira finalmente completou seu ciclo de vida e se despediu deste mundo, seu legado permaneceu vivo no coração de todos aqueles que um dia compartilharam um momento sob sua sombra. Seus ramos caídos se transformaram em bancos, e um monumento foi erguido em sua homenagem, lembrando a todos que a alma da Velha Figueira sempre estaria presente na alma do Campus Universitário e naqueles que tiveram a honra de conhecê-la. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense
Imagem: Odair José, Poeta Cacerense

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