quarta-feira, 19 de julho de 2023

O desaparecimento

    Conta-se que, Antônio Pereira, mais conhecido como Tonho, era um homem de 40 anos, casado e pai de três filhas. Ele trabalhava como empregado em uma empresa de entrega regional, sempre cumprindo suas tarefas com dedicação e carisma. Tonho era uma figura muito querida na sociedade cacerense, reconhecido por sua liderança inquestionável no bairro onde morava quase a vida toda. No entanto, um dia qualquer, Tonho simplesmente desapareceu sem deixar rastro, deixando sua família e a comunidade perplexa. A notícia do desaparecimento de Tonho se espalhou rapidamente pela pequena cidade de Cáceres, onde todos o conheciam. Os amigos, vizinhos e colegas de trabalho ficaram preocupados e se mobilizaram para encontrar qualquer pista que pudesse levar ao paradeiro de Tonho. A polícia foi acionada e iniciou uma investigação, entrevistando pessoas próximas a ele em busca de qualquer informação relevante. 
 
    Enquanto a busca continuava, a família de Tonho enfrentava momentos difíceis. Sua esposa, Maria, e suas três filhas adolescentes sentiam-se perdidas e angustiadas com a ausência do marido e pai. A casa antes alegre e cheia de vida agora estava envolta em tristeza e incerteza. A comunidade, solidária, oferecia apoio e conforto à família, mas todos ansiavam por respostas. Conforme a investigação avançava, algumas teorias começaram a surgir. Alguns especulavam que Tonho pudesse ter se envolvido em algum negócio ilegal, o que explicaria seu repentino desaparecimento. Outros consideravam a possibilidade de um acidente, talvez um afogamento no rio próximo à cidade. Mas nada concreto surgia para esclarecer o mistério. 
 
    Meses se passaram, e a falta de notícias sobre Tonho pesava cada vez mais sobre a família e a comunidade. O bairro que costumava ser unido agora sentia a ausência de sua liderança carismática. As ruas não eram mais as mesmas sem a presença de Tonho, e todos sentiam a falta de seu sorriso contagiante e seu espírito generoso. 
 
    Porém, em um dia nublado de outono, uma descoberta surpreendente ocorreu. Durante uma operação policial de rotina em uma propriedade rural próxima, um corpo foi encontrado enterrado em uma vala. O corpo, infelizmente em decomposição, foi dado como sendo de Tonho. A notícia chocou a todos, e a tristeza e o luto tomaram conta da cidade. A investigação policial foi intensificada, e logo foram descobertos os responsáveis pelo assassinato de Tonho. Era uma trama obscura envolvendo disputas de terras e negócios ilegais na região. O envolvimento de Tonho nesses assuntos foi completamente inesperado para todos que o conheciam. Ele havia sido envolvido sem saber, e sua morte fora uma consequência trágica. 
 
    A notícia do esclarecimento do caso trouxe algum alívio à família de Tonho e à comunidade. O amor e a admiração por ele permaneciam, e sua memória se tornou ainda mais forte. O bairro se uniu em uma demonstração de solidariedade, ajudando a família de Tonho a superar esse momento difícil. Antônio Pereira, ou Tonho, nunca será esquecido em Cáceres. Sua liderança, carisma e generosidade deixaram uma marca indelével na comunidade. Embora sua partida tenha sido trágica e dolorosa, seu legado de bondade e empatia continuou vivo, inspirando todos a serem melhores pessoas e a valorizarem a importância da união e do respeito mútuo. 
 
    O que quase ninguém sabe é que, anos depois desse acontecimento na cidade, Maria Eduarda, a filha mais nova de Tonho foi para São Paulo fazer Faculdade. Uma manhã ao caminhar pelas calçadas movimentadas da capital paulista ela se deparou com um homem deitado na calçada. Por um instante ela pode ter uma lembrança da sua infância quando ele contava histórias para ela dormir. Seria seu pai aquele homem? Ela parou e, com as pernas trêmulas, ela voltou um pouco para olhar o homem de perto. Ele acabava de virar na esquina sem mesmo olhar para trás. O coração da jovem bateu mais forte. Seria o seu pai? 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

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