segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A busca pelo amor perfeito

    Jorge sempre sonhara em se casar. Ele queria encontrar alguém para compartilhar os altos e baixos da vida, alguém que fosse sua companheira. Ele acreditava na perfeição e buscava uma parceira que se encaixasse nos seus ideais. No entanto, sua jornada rumo ao amor perfeito revelou-se uma aventura cheia de surpresas e autodescobertas. 

    A primeira mulher por quem Jorge se apaixonou foi Luana. Ela era radiante, inteligente e tinha um sorriso que iluminava seus dias. Porém, em uma viagem à praia com amigos, Jorge percebeu que Luana tinha o hábito incomum de não lavar os pés, mesmo depois de um dia inteiro caminhando pela areia. Incomodado com isso, Jorge decidiu que não poderia continuar com ela. 

    Após algum tempo, Jorge conheceu Suellen. Ela tinha olhos profundos e uma paixão ardente pela vida. Mas, aos poucos, ele percebeu um detalhe inquietante: Suellen roía as unhas compulsivamente, até o ponto de machucar-se. Além disso, ela se mostrava paranoica em relação a diversos aspectos do dia a dia, o que levou Jorge a pensar que talvez ela não fosse a escolha certa para uma vida juntos. 

    Desiludido, mas ainda esperançoso, Jorge conheceu Letícia em uma aula de dança. Ela era graciosa, divertida e parecia ser perfeita. No entanto, durante uma viagem juntos, Jorge descobriu que Letícia tinha um ronco extremamente alto. Inseguro e desapontado novamente, ele se viu em dúvida sobre seguir adiante com o relacionamento. 

    Cansado das desilusões amorosas, Jorge decidiu fazer uma pausa e viajar sozinho por alguns meses. Ele queria encontrar-se e entender o que realmente importava em um relacionamento. Durante a viagem, Jorge percebeu que estava buscando perfeição onde ela não existia. Ele começou a entender que todos têm suas peculiaridades, e que amar alguém é aceitar essas singularidades. 

    Ao retornar, Jorge reencontrou Letícia, que ainda estava solteira. Ele a convidou para sair e, em vez de se concentrar nos defeitos, passou a valorizar as qualidades que a faziam especial. Eles riram do ronco dela, encontraram soluções e aprenderam a apreciar um ao outro como realmente eram. 

    Com o tempo, Jorge e Letícia se casaram. A lição que Jorge levou dessa jornada foi que o amor verdadeiro não se trata de encontrar alguém perfeito, mas sim de encontrar alguém que é perfeito para você, com todas as suas peculiaridades e defeitos. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O Amor Proibido de Antony e Júlia

    Em uma cidade chamada Maniqueia, onde as forças do bem e do mal estavam em constante luta, viviam Antony e Júlia. A cidade era dividida entre o reino luminoso de Lumina, liderado pela benevolente Rainha Serena, e o reino sombrio de Tenebra, governado pelo cruel Lorde Sombrio. 
 
    Antony, um jovem e valente guerreiro de Lumina, era conhecido por seu coração puro e sua dedicação ao bem. Ele era o protetor de Maniqueia, sempre na linha de frente da luta contra as forças do mal. Júlia, por outro lado, era a filha de Lorde Sombrio, destinada a seguir os passos sinistros de seu pai. 
 
    Em uma noite enluarada, durante uma missão secreta em Tenebra, Antony encontrou Júlia chorando às margens do rio que dividia as duas terras. Ele se aproximou, movido por uma curiosidade e empatia inexplicáveis. Júlia, surpresa por não ter sido atacada, olhou em seus olhos e viu uma bondade que nunca tinha presenciado em sua vida. 
 
    Eles começaram a se encontrar secretamente, sob a luz da lua, compartilhando sonhos e desejos. Antony ensinou a Júlia sobre o amor, a compaixão e a esperança. Em troca, ela lhe mostrou que nem todos em Tenebra eram maus; muitos estavam simplesmente presos sob o domínio de seu pai. 
 
    Mas o amor deles não era bem-visto. Lorde Sombrio, ao descobrir sobre esses encontros, lançou uma maldição sobre Antony, aprisionando-o em uma caverna onde a luz nunca penetrava. Ele queria fazer Júlia esquecer Antony e assumir seu lugar ao seu lado no trono de Tenebra. 
 
    Desesperada, Júlia procurou a Rainha Serena, buscando ajuda. Serena, tocada pelo amor puro e verdadeiro entre os dois, deu a Júlia uma pedra mágica capaz de quebrar qualquer maldição. Mas havia um preço: ao usar a pedra, Júlia perderia todas as suas lembranças de Antony. 
 
    Armada de coragem e determinação, Júlia enfrentou os guardas de seu pai, chegou à caverna e libertou Antony. No entanto, conforme a maldição foi quebrada, as memórias de Júlia sobre Antony desapareceram. 
 
    Mesmo sem lembrar de Antony, Júlia sentia um vazio em seu coração. Ela decidiu deixar Tenebra e se juntar ao reino de Lumina, buscando uma nova vida e esperando que seu coração encontrasse o que estava perdido. 
 
    Anos depois, em uma tarde ensolarada, Júlia e Antony se cruzaram em um mercado de Lumina. Eles não se reconheceram de imediato, mas os corações de ambos pulsaram mais forte. E, como se o destino estivesse guiando seus passos, eles se apaixonaram novamente, provando que o verdadeiro amor sempre encontra o seu caminho de volta. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 12 de agosto de 2023

Memorial de Leitura Sob a Árvore

    O sol projetava raios dourados através dos galhos da antiga árvore, criando sombras ondulantes no chão coberto por folhas caídas. Era um carvalho majestoso, com tronco espesso e folhagem densa que dava sombra a um pequeno espaço gramado embaixo dele. O local era uma reminiscência do passado, o playground da imaginação de muitos jovens que ali cresciam e sonhavam. 

    Gabriel Silva, um escritor de meia-idade, estava sentado sob a árvore com um livro aberto em seu colo, mas seus olhos estavam distantes, perdidos em memórias. Ele cresceu naquela vizinhança e passou muitas tardes sob aquela árvore, perdido em mundos de fantasia e aventura, inspirado pelos livros que lia e pelo ambiente tranquilo. 

    Ao longo dos anos, o local havia perdido sua popularidade entre os jovens, sendo substituído por jogos eletrônicos e outras distrações modernas. Entretanto, Gabriel Silva, agora um escritor renomado, decidiu reavivar o amor pelos livros e pela leitura entre os jovens. Ele criou um memorial sob a árvore, uma pequena biblioteca com bancos e prateleiras cheias de livros. 

    Lembranças da inauguração. 

    Um grupo de jovens se reuniu, curiosos sobre o que estava acontecendo. Gabriel Silva se levantou, segurando uma tesoura reluzente em uma das mãos e uma fita vermelha esticada à sua frente. Com um sorriso, ele começou seu discurso. 

    "Esta árvore sempre foi um farol de imaginação para mim. Sob sua sombra, viajei por mundos distantes e vivi mil vidas. Quero compartilhar essa magia com todos vocês." 

    Ele cortou a fita, e o murmúrio de aplausos e conversas animadas encheu o ar. Os jovens se aproximaram das prateleiras, pegando livros e sentando-se nos bancos ou mesmo na grama, sob a proteção da árvore. 

    À medida que o dia se desenrolava, Gabriel Silva se sentou e retomou seu livro, observando com satisfação a cena à sua frente. A magia dos livros estava sendo redescoberta. Havia um brilho em seu olhar ao ver jovens estudantes lendo alguns dos livros ali disponível para leitura. Nada o poderia deixar mais feliz do que essa cena.

    Anos depois, aquele memorial sob a árvore se tornou um ponto de encontro popular. A árvore, com sua presença grandiosa, continuou a inspirar gerações, com Gabriel Silva sendo lembrado como o escritor que reintroduziu a magia da leitura na vida daqueles jovens. 

    E assim, sob os ramos daquela árvore bonita, histórias foram lidas, sonhos foram sonhados e uma nova geração de escritores foi inspirada.

Conto: Odair José, Poeta Cacerense
Obs. Inspirado no sonho do meu amigo Derick Menacho.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

As 7 Pragas na Praça Barão

    Em tempos imemoriais, conta-se que, nas sombras da cidade, a Praça Barão mantinha segredos enterrados há muito tempo. Uma aura misteriosa sempre rondara o local, mas nada poderia ter preparado os moradores para o que estava por vir. 
 
    Tudo começou em uma sexta-feira de verão, quando o sol começava a se por e as pessoas se aglomeravam na Praça Barão para o esperado happy hour do final de semana. Crianças corriam pelo gramado, casais passeavam de mãos dadas e amigos se reuniam em grupos, rindo e compartilhando histórias. No meio dessa atmosfera de descontração, um garotinho chamado Matheus brincava com uma bola enquanto seus pais conversavam em um banco próximo. Ele estava absorto em seu jogo, mas algo capturou sua atenção: um pequeno grupo de formigas emergindo do cais de pedra que contornava a fonte central. O garotinho se abaixou para observá-las, curioso. No entanto, antes que ele pudesse chamar a atenção dos pais, uma cena inexplicável começou a se desenrolar. 
 
    As formigas começaram a se multiplicar exponencialmente, formando uma massa ondulante e escura. Em questão de minutos, elas cobriram todo o cais, depois invadiram o gramado e subiram pelas pernas das pessoas. O pânico logo se instalou. Gritos ecoaram pela praça enquanto as formigas mordiam quem cruzassem seu caminho. Algumas pessoas, infelizmente, sofreram reações alérgicas graves e perderam a vida em questão de minutos. 
 
    A cidade ficou traumatizada, perplexa diante dessa tragédia inexplicável. Medidas de limpeza foram tomadas, mas o temor permaneceu. Dias depois, a rotina aparentemente voltou ao normal, embora um nervosismo latente persistisse. As imagens das pessoas sendo picadas por formigas assustavam muitas pessoas que presenciaram a tragédia. 
 
    O tempo passou e uma nova sexta-feira chegou. Mais uma vez, a Praça Barão se encheu de risos e conversas animadas. Entretanto, o terror se repetiu. Dessa vez, um enxame de abelhas apareceu do nada, cobrindo o céu e mergulhando na multidão. As cenas de horror se repetiram, e o número de vítimas cresceu. centenas de pessoas morreram pelo veneno das abelhas. A tragédia tornou-se notícia no Brasil e no mundo todo. Um grande mistério. 
 
    O que havia começado como um mistério se tornou uma assombração para a cidade. A incerteza pairava no ar, e a confiança das pessoas estava abalada. Tempos depois, quando a rotina da cidade parecia voltar ao normal, outra tragédia bizarra ocorreu. Dessa vez começou aparecer corvos e pousar nas árvores da Praça. A princípio eram poucos, mais foram aumentando dia após dia, lançando um presságio sombrio sobre todos. E então vieram os gafanhotos, os vespões, os jacarés e as víboras. E em todas essas "visitas" inesperadas, centenas de pessoas perderam as vidas. As "7 pragas na Praça Barão" transformaram o local de encontro alegre em um campo de pesadelo. 
 
    As autoridades locais e cientistas foram convocados para investigar, mas nenhum motivo ou explicação plausível foi encontrado. A cidade estava à beira do colapso, seus habitantes vivendo em constante medo. A Praça Barão, uma vez símbolo de união e diversão, agora se tornara um lugar temido, abandonado. A cidade então decidiu fazer um ritual de purificação na esperança de afastar as pragas. Líderes religiosos de diversas crenças, Pajés de tribos próximas e místicos foram convocados para conduzir uma cerimônia conjunta. Durante essa cerimônia, enquanto todos olhavam para a fonte central da praça, um murmúrio suave parecia emergir das pedras. Uma voz ancestral, sussurrando uma antiga lenda de equilíbrio e respeito pela natureza. Alguns chegaram a dizer que tratava-se do Minhocão, mas ninguém teve certeza disso. 
 
    À medida que o murmúrio se espalhava, uma voz suave que dizia sobre a necessidade de preservação da natureza sussurrava em todos os ouvidos e a sensação de paz começou a preencher a praça. A atmosfera estranha começou a se dissipar, e as pragas, uma por uma, começaram a recuar, deixando para trás um rastro de mistério. 
 
    As pessoas da cidade aprenderam uma lição profunda e respeitou os ensinamentos da lenda. A Praça Barão voltou a ser um local de encontro, mas agora, as pessoas carregavam consigo o entendimento de que a harmonia com a natureza era crucial para evitar a ira que havia despertado as "7 pragas". E assim, a praça recuperou seu esplendor, enquanto a memória das pragas se tornava uma lembrança assombrosa do passado. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

O Homem Congelado

    Era o ano de 2023, e José Odair, um homem de meia-idade, apaixonado por ciência e tecnologia, encontrava-se gravemente doente. Com os avanços da medicina, ele tinha a esperança de se recuperar, mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. Com o coração pesado, despediu-se de seus entes queridos, enquanto o mundo continuava a avançar rapidamente ao seu redor. José Odair havia deixado instruções claras: caso a ciência avançasse ao ponto de poder trazê-lo de volta à vida, queria ser congelado criogenicamente. E assim foi feito. Sua mente e corpo foram preservados em um estado criogênico, na esperança de um dia voltar a viver. 
 
    O mundo continuou a evoluir e inovar, e 150 anos se passaram desde a morte de José Odair. O ano era agora 2173. A humanidade alcançou conquistas extraordinárias nesse período, com avanços notáveis em tecnologia, medicina e sustentabilidade. 
 
    Certo dia, um grupo de cientistas descobriu o corpo de José Odair, ainda preservado em seu estado criogênico. Com os conhecimentos do final do século XXII, eles se dedicaram a trazê-lo de volta à vida. Após intensas pesquisas e testes, finalmente conseguiram reverter o processo criogênico e reanimar o homem congelado. Quando ele acordou, ficou confuso com o que estava acontecendo. Tudo ao seu redor parecia estranho e futurista. Os cientistas explicaram que ele havia sido congelado por 150 anos e que agora estava em um novo mundo, mais precisamente, no final do século XXII. 
 
    José Odair se surpreendeu ao descobrir como o mundo havia mudado. As cidades eram verdadeiras maravilhas da arquitetura e tecnologia, com arranha-céus gigantescos e transporte eficiente. A poluição havia sido quase eliminada, graças a fontes de energia limpa e renovável. A medicina havia avançado a tal ponto que a expectativa de vida era muito maior. As doenças que antes eram fatais agora podiam ser tratadas com facilidade. A inteligência artificial estava integrada à vida cotidiana, facilitando tarefas e otimizando a sociedade. 
 
    Entretanto, nem tudo era perfeito. Ele também descobriu que, com o avanço tecnológico, surgiram novos desafios éticos e sociais. A inteligência artificial levantava questões sobre a privacidade e a autonomia humana. Além disso, a desigualdade social ainda persistia, apesar dos avanços. 
 
    Com a ajuda dos cientistas e especialistas do século XXII, José Odair começou a se adaptar à nova realidade. Aprendeu sobre os novos costumes, sobre a cultura, a história e a política. Ele se maravilhava com a diversidade cultural do mundo futuro. Ele também encontrou alguns de seus descendentes, pois parte de sua família havia sido preservada ao longo dos anos. Conectar-se com seus bisnetos e tataranetos foi uma experiência emocionante e comovente. 
 
    Com o passar do tempo, José Odair se tornou uma espécie de embaixador do passado. As pessoas do final do século XXII se interessavam por suas histórias e conhecimentos sobre a vida no passado. Ele compartilhava suas experiências, ajudando a construir uma ponte entre as gerações. Aos poucos, ele percebeu que, apesar das mudanças e desafios, a essência humana continuava a mesma. O amor, a amizade, a compaixão e a busca pelo conhecimento ainda eram valores fundamentais para a sociedade. 
 
    A história de José Odair, um homem congelado no tempo, se tornou um símbolo de esperança e resiliência. Ele havia testemunhado um salto gigantesco da humanidade, com todas as suas grandezas e imperfeições. E, no limiar do século XXIII, ele encontrou um mundo que, apesar de avançado tecnologicamente, ainda buscava aprimorar sua humanidade. E assim, a história do homem congelado viveu além do tempo, inspirando gerações futuras a abraçar o passado, aprender com ele e moldar um futuro melhor para todos. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense