quarta-feira, 9 de agosto de 2023

As 7 Pragas na Praça Barão

    Em tempos imemoriais, conta-se que, nas sombras da cidade, a Praça Barão mantinha segredos enterrados há muito tempo. Uma aura misteriosa sempre rondara o local, mas nada poderia ter preparado os moradores para o que estava por vir. 
 
    Tudo começou em uma sexta-feira de verão, quando o sol começava a se por e as pessoas se aglomeravam na Praça Barão para o esperado happy hour do final de semana. Crianças corriam pelo gramado, casais passeavam de mãos dadas e amigos se reuniam em grupos, rindo e compartilhando histórias. No meio dessa atmosfera de descontração, um garotinho chamado Matheus brincava com uma bola enquanto seus pais conversavam em um banco próximo. Ele estava absorto em seu jogo, mas algo capturou sua atenção: um pequeno grupo de formigas emergindo do cais de pedra que contornava a fonte central. O garotinho se abaixou para observá-las, curioso. No entanto, antes que ele pudesse chamar a atenção dos pais, uma cena inexplicável começou a se desenrolar. 
 
    As formigas começaram a se multiplicar exponencialmente, formando uma massa ondulante e escura. Em questão de minutos, elas cobriram todo o cais, depois invadiram o gramado e subiram pelas pernas das pessoas. O pânico logo se instalou. Gritos ecoaram pela praça enquanto as formigas mordiam quem cruzassem seu caminho. Algumas pessoas, infelizmente, sofreram reações alérgicas graves e perderam a vida em questão de minutos. 
 
    A cidade ficou traumatizada, perplexa diante dessa tragédia inexplicável. Medidas de limpeza foram tomadas, mas o temor permaneceu. Dias depois, a rotina aparentemente voltou ao normal, embora um nervosismo latente persistisse. As imagens das pessoas sendo picadas por formigas assustavam muitas pessoas que presenciaram a tragédia. 
 
    O tempo passou e uma nova sexta-feira chegou. Mais uma vez, a Praça Barão se encheu de risos e conversas animadas. Entretanto, o terror se repetiu. Dessa vez, um enxame de abelhas apareceu do nada, cobrindo o céu e mergulhando na multidão. As cenas de horror se repetiram, e o número de vítimas cresceu. centenas de pessoas morreram pelo veneno das abelhas. A tragédia tornou-se notícia no Brasil e no mundo todo. Um grande mistério. 
 
    O que havia começado como um mistério se tornou uma assombração para a cidade. A incerteza pairava no ar, e a confiança das pessoas estava abalada. Tempos depois, quando a rotina da cidade parecia voltar ao normal, outra tragédia bizarra ocorreu. Dessa vez começou aparecer corvos e pousar nas árvores da Praça. A princípio eram poucos, mais foram aumentando dia após dia, lançando um presságio sombrio sobre todos. E então vieram os gafanhotos, os vespões, os jacarés e as víboras. E em todas essas "visitas" inesperadas, centenas de pessoas perderam as vidas. As "7 pragas na Praça Barão" transformaram o local de encontro alegre em um campo de pesadelo. 
 
    As autoridades locais e cientistas foram convocados para investigar, mas nenhum motivo ou explicação plausível foi encontrado. A cidade estava à beira do colapso, seus habitantes vivendo em constante medo. A Praça Barão, uma vez símbolo de união e diversão, agora se tornara um lugar temido, abandonado. A cidade então decidiu fazer um ritual de purificação na esperança de afastar as pragas. Líderes religiosos de diversas crenças, Pajés de tribos próximas e místicos foram convocados para conduzir uma cerimônia conjunta. Durante essa cerimônia, enquanto todos olhavam para a fonte central da praça, um murmúrio suave parecia emergir das pedras. Uma voz ancestral, sussurrando uma antiga lenda de equilíbrio e respeito pela natureza. Alguns chegaram a dizer que tratava-se do Minhocão, mas ninguém teve certeza disso. 
 
    À medida que o murmúrio se espalhava, uma voz suave que dizia sobre a necessidade de preservação da natureza sussurrava em todos os ouvidos e a sensação de paz começou a preencher a praça. A atmosfera estranha começou a se dissipar, e as pragas, uma por uma, começaram a recuar, deixando para trás um rastro de mistério. 
 
    As pessoas da cidade aprenderam uma lição profunda e respeitou os ensinamentos da lenda. A Praça Barão voltou a ser um local de encontro, mas agora, as pessoas carregavam consigo o entendimento de que a harmonia com a natureza era crucial para evitar a ira que havia despertado as "7 pragas". E assim, a praça recuperou seu esplendor, enquanto a memória das pragas se tornava uma lembrança assombrosa do passado. 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

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