sábado, 8 de outubro de 2022

O brutal assassinato de Luiza Estela na Praia do Daveron (Parte I)


    - Vamos seu molenga - Gritou a jovem. 
    Isa correu mais rápida que Caio e o ultrapassou assim que chegaram nas areias da Praia do Daveron. O dia já ameaçava surgir no horizonte e prometia ser quente como estava sendo nos últimos dias na Princesinha do Rio Paraguai. 
    - Você trapaceou - Disse o jovem parando perto da grande árvore que olhava imponente para o espaço de areia modificado pelo ser humano a pouco tempo para a prática esportiva na cidade. 
    A jovem de cabelos ruivos parou e voltou um pouco até se aproximar do seu companheiro de corrida matinal. 
    - Você está acabado - Disse ela - Tem que parar de fumar esses cigarros eletrônicos - Fez uma pequena pausa enquanto respirava - Isso é muito prejudicial. 
    - Está vendo aquilo ali? - Caio olhou para Isa e apontou para um vulto ao longe estendido na areia bem próximo do mastro de rede onde, nas tardes quentes de Cáceres, jovens jogavam vôlei. 
    - Parece uma pessoa deitada. 
    - Só se for um bêbado então. 
    - Pode ser. 
    Fizeram uma pausa por alguns segundos. 
    - Vamos lá ver? - Perguntou Isa. 
    - Você acha que devemos? 
    - Talvez seja alguém que precisa de ajuda. 
    Caio olhou para a colega. Esse sempre fora o seu comportamento. Ajudar alguém. Era notório o seu engajamento nas organizações da escola para arrecadar alimentos e agasalhos para serem distribuídos para as pessoas de baixa renda. 
    - Está bem - Disse - Vamos lá! 
    Podia se ouvir o cantar dos pássaros saudando o amanhecer e sentir a brisa do rio que deslizava silenciosamente quando os dois se aproximaram do corpo estendido na areia. 
    Já perto perceberam que não se tratava de um bêbado qualquer. Havia sangue espalhado nas proximidades como se o corpo tivesse sido arrastado até ali. 
    - Meu Deus! - Exclamou Isa - É uma menina! 
    - Parece morta - Disse Caio. 
    E estava. Ao se aproximarem puderam ver com mais clareza o corpo de uma jovem ensanguentada e sem vida. Suas roupas estavam rasgadas e sua garganta também. Havia hematomas por toda parte de seu corpo e os cabelos, um misto de loiro e castanho, estava desgrenhado e misturado com areia. Os olhos, ainda se encontravam entreabertos como se olhasse para o monstro que havia feito aquilo. 
    - Precisamos chamar a Polícia! - Caio segurou o braço de Isa para que ela não se aproximasse mais do corpo. 
    - Quem pode ter cometido uma barbaridade dessas? - Indagou Isa com os olhos cheios de lágrimas - Quem teria capacidade para isso? 
    Caio pegou o celular e ligou para a emergência. Enquanto falava com o policial que o atendeu no plantão, o jovem olhou atentamente para o corpo da jovem estendido na areia. 
    - Eu conheço ela! 
    - Sério? - Indagou Isa - E quem é? 
    - O nome dela é Luiza Estela e ela ia ser uma das candidatas a Miss Cáceres. 
    - Verdade! - Exclamou Isa - Eu sei quem ela é também. Meu Deus! Será o que aconteceu? 
    Eram perguntas sem respostas. Ali estava o corpo de uma jovem, frio e ensanguentado, nas areias da Praia do Daveron e, na cabeça de Caio, a pergunta que também passava na mente de Isa: Qual perigo espreita a noite cacerense? 

Continua... 

Odair José, Poeta Cacerense