O por do sol era simplesmente indescritível. Uma beleza que parecia ter sido pintado pelas mãos do Criador.
O dia típico de uma tarde de verão, céu azul sem nuvens e um entardecer de encher os olhos. Sexta-feira! As pessoas começavam a chegar para tomar a sua cervejinha ou o seu chopp no Casarão, no Dito Bendito. Enquanto os garçons e funcionários arrumavam as mesas, algumas crianças brincavam na Praça. No mural do cais pessoas paravam para tirar algumas fotos do por do sol. Que beleza! A princesinha em seu maior encanto.
Aos poucos as cores foram ficando mais vermelhas e, misturadas ao azul do céu e o verde das matas, dava uma coloração única. Inspiração para os poetas, imaginação para os artistas e paixão para os apaixonados. O que poderia causar mais contentamento à população cacerense?
A tarde chegava de mansinho. As luzes foram acesas. Os carros transitavam na típica sexta-feira. Agora já havia muita gente na Praça. O calçadão estava praticamente lotado. Nas TVs passava um jogo da Série B. No Bodega, uma banda afinava os instrumentos. A noite prometia. Tudo normal na Princesinha do Rio Paraguai. Será mesmo?
O garoto largou a mão da mãe e correu para a escadaria do cais.
- Volte aqui, menino - Disse a mãe tentando segurar o menino.
- O que é aquilo? - O menino indagou à mãe e apontou para os primeiros degraus da escadaria do cais.
A mulher olhou atentamente.
- Parece formigas.
Aos poucos outras pessoas também viram. Formigas! Muitas formigas!
Algumas pessoas correram para a Praça. Outras correram em direção ao cais para ver o que estava acontecendo. Uma correria começou. Uma gritaria também. Formigas já tomavam toda a orla. Eram enormes. Pretas e vermelhas. E eram milhares. Gritaria! As pessoas gritavam e corriam.
- Chamem os Bombeiros! - Gritava alguém.
- Tem que ser a Polícia Ambiental, a Sema - Dizia outro.
Então houve um grito horripilante. Uma garota havia sido picada por uma das formigas. Ela se contorceu. Sentia muitas dores. Começou a inchar a sua perna e a menina não conseguiu mais andar. Foi tomada pelas formigas. As outras pessoas correram em desespero. Outro garoto, perto do Hispano, também foi picado e logo caiu pelo chão sendo, em segundos, tomado pelas formigas. Desespero total. Outra garota perto da Marinha, um homem perto do cais e as formigas se multiplicavam e tomava toda a Praça.
As pessoas fugiram. Correria para todos os lados.
Mesas derrubadas pelo calçadão. Bares invadidos pelas formigas. Em fração de minutos e tudo estava destruído nas proximidades da Praça Barão. Árvores sem suas folhas, pessoas que foram picadas e cobertas de formigas logo viraram pó.
Os Bombeiros chegaram e se preparavam para abrir os seus extintores. As formigas voltaram para o único lugar onde apareceram. Em fração de minutos não haviam mais nenhuma formiga. Apenas os seus rastros e a mortandade deixada por elas.
- Deve ter morrido umas dez pessoas - Disse alguém.
- Meu Deus! - Exclamou um senhora - O que foi isso?
- Formigas! - Foi a única resposta naquele momento.
A lua no céu parecia sorrir com tudo aquilo, mas era apenas impressão das poucas pessoas que conseguiram olhar para cima naquela sexta-feira na Praça Barão. Encostado no Marco do Jauru um homem observava. E, se ninguém notou a sua presença durante a correria, ele sorria. Um sorriso malicioso.
Continua...
Conto: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário