quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Último encontro

    Ela parou o olhar no quadro na parede. Respirou fundo e então falou finalmente: 
    - Como você pode dizer uma coisa tão absurda como essa? Não faz ideia do que passei na vida para chegar até aqui. Se para você as coisas são fáceis, para mim, nunca foi. Eu chorei muitas noites sozinha e sentia-me como se já não tivesse mais nenhuma esperança para os meus sonhos. Então, por favor, respeite a minha história. 
    - Me desculpe - disse ele tentando se justificar - eu não pensei nos seus desafios - respirou fundo olhando nos olhos dela - pareço um babaca ao pensar só em mim. 
    Andou pela pequena sala. Olhou pela janela, viu as paisagens, a areia branca, as pequenas moitas de um mato que não conhecia e, ao fundo, as águas do grande lago que se estendia até o horizonte. 
    - Não se preocupe - disse enfim - eu aprendi a lição! - fez uma pausa enquanto olhava agora para ele ali diante dela - Aprendi que na vida cada um de nós deve lutar para conquistar nossas vitórias. Cada um de nós temos as nossas batalhas interiores e exteriores. Cada um de nós temos a nossa cruz para carregar. Aprendi, também, as duras custas, que, na maioria das vezes, estaremos sozinhos em nossas lutas. Nossas batalhas internas são nossas e ninguém poderá nos ajudar nesses momentos únicos de nossas vidas. Então, meu querido - pegou em suas mãos - deixe-me seguir meu caminho e siga o seu. Não teremos mais uma oportunidade como tivemos outrora. Desejo que encontre felicidade por onde andares. 
    Percebeu a lágrima nos olhos dele. Caminhou até a porta e abriu-a educadamente. 
    - Sinceramente - disse ao vê-lo sair pela porta - desejo a sua felicidade! 
 
Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário