Em Cáceres, no coração do Mato Grosso, a Praça Barão guarda um segredo sombrio e antigo. No centro da praça, o Marco do Jauru, um imponente obelisco, é conhecido por sua importância histórica, mas poucos sabem que ele esconde um mistério ainda mais profundo.
No final do século XIX, o vapor Etrúria, uma majestosa embarcação, subia lentamente o rio Paraguai, carregando uma carga preciosa de mercadorias e passageiros ilustres. Entre esses passageiros, um homem enigmático, sempre envolto em um manto escuro, atraía olhares curiosos. Seu nome era Vladislav, e de onde ele vinha quase ninguém sabia ao certo.
As noites durante a viagem eram especialmente tensas. Histórias de desaparecimentos misteriosos começaram a circular entre os tripulantes. Algumas pessoas alegavam ouvir sussurros no escuro, enquanto outros diziam ver sombras movendo-se nas profundezas da floresta ribeirinha.
Quando o Etrúria finalmente chegou a Cáceres, Vladislav desembarcou e imediatamente se isolou da sociedade. Ele se instalou em uma antiga fazenda nos arredores da cidade, onde raramente era visto à luz do dia. Sua presença em Cáceres trouxe com ela uma série de eventos inexplicáveis: animais encontrados mortos, com o sangue completamente drenado, e moradores que adoeciam misteriosamente, enfraquecendo até a morte.
O tempo passou, e Vladislav, com sua pele pálida e olhos profundos, passou a ser conhecido pelos habitantes como o "Senhor da Noite". Em noites de lua cheia, ele era visto caminhando pela cidade, sempre em direção ao Marco do Jauru, onde parecia meditar sob as estrelas.
Conta a lenda que o Marco do Jauru, além de seu papel como divisor de territórios, possui uma energia antiga e poderosa, que Vladislav havia descoberto. Dizem que ele selou parte de sua essência vampírica no monumento, permitindo-lhe sobreviver por séculos sem envelhecer. Com o passar do tempo, ele aprendeu a se ocultar durante o dia no próprio obelisco, onde repousa até hoje, protegido por forças que poucos compreendem.
Os moradores mais antigos de Cáceres evitam a praça à noite. Alguns ainda contam histórias de como o ar parece mais frio ao redor do monumento quando o sol se põe, e de como o som do vento sussurrando através das árvores soa como sussurros de um idioma antigo e esquecido.
De tempos em tempos, desaparecimentos inexplicáveis ainda ocorrem na região, sempre associados a noites sem lua, quando as sombras parecem se mover por vontade própria. Aqueles que conhecem a lenda acreditam que o vampiro Vladislav ainda está em Cáceres, vigiando a cidade desde seu refúgio no Marco do Jauru, esperando o momento certo para despertar completamente e reclamar seu domínio sobre a região.
Conto: Odair José, Poeta Cacerense
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