quinta-feira, 7 de setembro de 2023

O dia que choveu cinzas em Cáceres

    A cidade de Cáceres, com sua atmosfera tranquila e história rica, foi subitamente interrompida por uma coluna de fumaça espessa e cinzas chovendo dos céus. O coração da agitação estava na baia do Malheiros. Um incêndio de proporções gigantescas estava em andamento, e logo descobriu-se que não era um acidente, mas sim um incêndio criminoso. Enquanto os bombeiros e voluntários se apressavam para controlar as chamas, uma preocupação em particular surgia em meio ao caos: uma onça pintada e seu filhote estavam em perigo, com seu habitat ameaçado pelo avanço voraz do fogo. 

    Nas ruas da cidade, enquanto as pessoas corriam em meio ao pânico, um homem destacava-se. Era o Misterioso Homem da Praça Barão. Vestido com um paletó antiquado, chapéu de aba larga e óculos escuros, ele caminhava com propósito, alheio à agitação em sua volta. O que a maioria das pessoas não sabia era que esse homem, tão conhecido e ao mesmo tempo tão enigmático, estava em Cáceres com uma missão. E essa missão o levou diretamente a um dos antigos casarões da cidade. Sem hesitar, ele entrou, fechando a porta atrás de si. 

    Dentro da construção, o ambiente era fresco e abafado, um contraste gritante com o calor e caos externos. Com passos determinados, ele dirigiu-se a um cômodo específico. Atrás de uma estante de livros, ele pressionou uma sequência de tijolos, revelando uma passagem secreta. Lá dentro, após passar por um labirinto de corredores, ele encontrou o que buscava: um livro antigo, de capa de couro, com inscrições douradas. Dizia-se que este livro tinha o poder de realizar desejos quando lido e interpretado corretamente. Ele retirou-o cuidadosamente, posicionando-o sob o braço. 

    Retornando à cidade, ele se dirigiu ao local do incêndio. Com o livro em mãos, começou a recitar palavras em uma língua esquecida. À medida que sua voz ecoava, o vento começou a mudar de direção, levando a fumaça e o fogo para longe da área onde a onça e seu filhote estavam. Ao terminar, o Misterioso Homem da Praça Barão, sem dizer uma palavra, voltou à sua trajetória solitária pelas ruas de Cáceres, deixando para trás um rastro de esperança e mistério. 

    No fim do dia, enquanto a cidade tentava se recompor do caos, muitos se perguntaram sobre o homem e o misterioso livro. Mas, como sempre, ele havia desaparecido, assim como as cinzas que choveram sobre a cidade. E a única certeza era de que, em meio às adversidades, sempre haverá aqueles dispostos a proteger e restaurar a ordem. 

Conto: Odair José, Poeta Cacerense

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