José Augusto era um homem simples, obreiro dedicado da pequena igreja no bairro onde morava. Sua vida sempre fora marcada pela devoção a Deus e pela busca incessante de uma conduta irrepreensível. Ele acreditava que, independentemente das tribulações, manter-se firme na fé era um chamado divino, uma missão que ele deveria cumprir até o último instante.
Naquela semana, entretanto, a pressão parecia insuportável. Problemas no trabalho, discussões familiares e um inesperado diagnóstico de saúde trouxeram uma onda de angústia que ameaçava sua paz interior. Na quarta-feira, enquanto revisava as cadeiras do templo antes do culto, sentiu uma pontada no peito que o fez parar por um instante. Respirou fundo, fez uma oração silenciosa e seguiu com o trabalho. “O Senhor é a minha força”, repetia a si mesmo.
O último culto da semana era sempre especial para José Augusto. O culto de domingo à noite tinha um ar solene, como se aquele momento fosse o ponto alto de sua semana. Mesmo cansado e aflito, ele não abriu mão de preparar o ambiente com zelo. A cada banco ajustado e cada hino ensaiado, sentia a presença de Deus renovando suas forças.
Naquele domingo, o pregador trouxe uma mensagem impactante sobre o fim dos tempos. As palavras ecoaram com uma força especial no coração de José Augusto: “Vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do Homem virá”. Ele sentiu como se aquela pregação fosse direcionada a ele. Durante o apelo final, enquanto o pregador clamava para que os presentes se entregassem de corpo e alma a Deus, José Augusto foi tomado por uma profunda paz. Fechou os olhos e deixou uma lágrima escorrer pelo rosto. “Senhor, minha vida está em tuas mãos”, sussurrou.
Ao chegar em casa, depois de um longo dia de dedicação, José Augusto sentiu o corpo pesar. Fez sua última oração ao lado da cama, agradecendo a Deus por ter sustentado sua fé, apesar das dificuldades. "Pai, obrigado por me manter de pé. Que eu esteja preparado para te encontrar, seja quando for o momento." Deitou-se e sentiu o coração tranquilo, como há muito não sentia.
Na manhã seguinte, quando a família o chamou para o café, perceberam que ele não respondia. José Augusto havia partido durante o sono, serenamente, como quem foi recolhido pelo próprio Deus. A expressão em seu rosto não deixava dúvidas: ele encontrara a paz eterna.
A igreja lamentou sua perda, mas o exemplo de fé e perseverança de José Augusto ficou gravado no coração de cada irmão. O culto seguinte foi marcado por testemunhos emocionantes sobre a vida do obreiro, enquanto todos cantavam o hino favorito dele: “Mais perto quero estar, meu Deus de ti”. Sua morte, embora singela, foi um lembrete poderoso de que viver para Deus é preparar-se para encontrá-Lo a qualquer instante.
José Augusto viveu e partiu como sempre desejou: firme na presença do Senhor.
Conto: Odair José, Poeta Cacerense
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